Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de novembro de 2022
Mais um aperto está sendo imposto aos mercados com o novo aumento dos juros americanos, e o arrocho financeiro tende a complicar, em 2023, as tarefas iniciais do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O arrocho internacional deve continuar e ainda poderá ficar bem mais severo, se a inflação for enfrentada na zona do euro com maior restrição monetária. A inflação ao consumidor nos Estados Unidos atingiu 8,2% nos 12 meses até setembro, taxa pouco menor que a acumulada até o mês anterior, 8,3%. Diante da persistência da alta de preços, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pela quarta vez adicionou 0,75 ponto porcentual aos juros básicos, elevando-os para a faixa de 3,75% a 4%. O próximo aumento deverá ser mais moderado, mas o teto será maior que o esperado pelo mercado, adiantou o presidente da instituição, Jerome Powell. Sem surpresa, as ações despencaram nas bolsas na manhã de quinta-feira, dia seguinte ao do anúncio do Fed.
O Banco Central Europeu (BCE), responsável pela gestão do euro, já havia elevado os juros básicos, na semana anterior, para 1,5%, a taxa mais alta desde 2009. Conhecido o novo aumento dos juros americanos, a presidente do BCE, Christine Lagarde, admitiu a importância de observar todas as consequências atentamente, mas sem acompanhar, necessariamente, a decisão americana. “Não somos iguais e não podemos progredir no mesmo ritmo e sob o mesmo diagnóstico de nossas economias”, disse Lagarde. Na quinta-feira, no entanto, o Banco da Inglaterra ajustou os juros básicos de 2,25% para 3%, na maior alta em 33 anos.
A presidente do BCE pode ter razões para defender uma política própria, mas deve esforçar-se para conter uma inflação de 9,9% nos 12 meses até setembro. No mês anterior a taxa acumulada havia batido em 9,1%. No Reino Unido, a taxa acumulada em um ano subiu de 8,6% para 8,8% entre aqueles meses.
Não há como menosprezar a inflação, porque os números permanecem acima dos padrões habituais mesmo com a exclusão de alimentos e energia. Na média das sete maiores economias capitalistas, a taxa acumulada cai de 7,7% para 5,4% quando esses dois itens são desconsiderados. Na média dos 38 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a redução é de 10,5% para 7,6%. As pressões são difusas e atingem outros bens e também o setor de serviços.
A difusão é evidente também no Brasil, onde os desajustes de preços foram disfarçados, durante alguns meses, pela redução de impostos sobre combustíveis. Essa intervenção política, de efeito passageiro, derrubou de imediato alguns custos, sem eliminar as causas principais de elevação do custo de vida. O mercado brasileiro continua exposto ao comércio internacional, às pressões causadas pelas oscilações do câmbio e, naturalmente, aos problemas derivados da gestão voluntarista das contas públicas. Por esses fatores internos e também pelas condições internacionais, qualquer redução dos juros básicos no País deverá ser lenta e muito cautelosa no próximo ano. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.