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Por Redação O Sul | 20 de junho de 2019
No final de 2018, o mundo tinha 70,8 milhões de pessoas deslocadas em consequência de guerras ou perseguições, um recorde que não reflete a magnitude do êxodo venezuelano, pois apenas uma minoria solicita asilo, anunciou a ONU (Organização das Nações Unidas) na quarta-feira (19).
O relatório anual do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) destaca que 2018 foi marcado pelo forte aumento do deslocamento interno na Etiópia e por um aumento nos pedidos de asilo apresentados por pessoas que fogem da grave crise política e econômica da Venezuela.
O conflito na Síria continua provocando um grande número de refugiados e deslocados. A violência na Nigéria também foi uma fonte importante de deslocamentos. O documento afirma que o número total de “desarraigados” no mundo – incluindo os refugiados (25,9 milhões), os deslocados internos (41,3 milhões) e os demandantes de asilo (3,5 milhões) – registrou alta de 2,3 milhões na comparação com 2017.
O cálculo é considerado “prudente”, ressalta o Acnur, porque “embora a maioria dos venezuelanos devem beneficiar-se do sistema internacional de proteção de refugiados, apenas meio milhão solicitaram asilo”.
Síria e Venezuela
“Mais uma vez, as tendências vão no caminho errado. Novos conflitos se unem aos antigos”, afirmou o alto comissário Filippo Grandi em Genebra. Grandi fez um apelo por unidade no Conselho de Segurança da ONU para solucionar os conflitos. O número de pessoas deslocadas e de refugiados no mundo voltou a aumentar a partir de 2009, com um forte avanço entre 2012 e 2015 com a guerra na Síria.
Colômbia e Síria são os países com o maior número de deslocados internos. No caso dos refugiados, 5,5 milhões são palestinos, que estão sob responsabilidade de uma agência específica da ONU. Entre os demais, a maioria procede de cinco países: Síria, Afeganistão, Sudão do Sul, Mianmar e Somália.
Os sírios – mais de 500.000 – também foram os que apresentaram a maior quantidade de solicitações de asilo ano passado, a maioria na Turquia. Em seguida aparecem os venezuelanos com 341.800 demandas, a maioria na Colômbia e Peru.
Como o governo peruano passou a exigir recentemente vistos dos venezuelanos, Grandi pediu aos demais países da região que permitam a entrada para evitar um “congestionamento” nas fronteiras. “Devemos parabenizar a Alemanha”.
Quatro em cada cinco refugiados vivem em um país vizinho ao de origem, e a grande maioria vive em países em desenvolvimento. Estados Unidos foram o país que recebeu o maior número de pedidos de asilo no ano passado, seguidos de Peru, Alemanha, França e Turquia.
Pelo quarto ano consecutivo a Turquia foi o país que recebeu a maior população de refugiados (3,7 milhões), seguido por Paquistão, Uganda, Sudão e Alemanha. Por isso, Grandi elogiou a política migratória da chanceler alemã Angela Merkel, que tomou a decisão de abrir as fronteiras de seu país a centenas de milhares de candidatos ao asilo.
“Não estou acostumado a dar uma pontuação, mas acredito que neste caso devemos parabenizar a Alemanha pelo que fez. A chanceler foi muito corajosa”, disse. Também pediu aso europeus que encontrem uma solução duradoura para o sistema de distribuição de migrantes. “Temos atrás de nós as eleições europeias e temos um número francamente administrável de chegadas à Europa. É o momento de enfrentar esta questão”, concluiu.