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Economia O nível de atividade econômica do RS deve fechar 2024 acima do projetado após a tragédia das chuvas de maio

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Segundo economistas, o Estado tem crescido menos que a média nacional. (Foto: Reprodução)

O nível de atividade econômica do Rio Grande do Sul deve fechar 2024 acima do projetado logo após a tragédia das chuvas de maio, mas ainda assim haverá perda significativa em relação às expectativas iniciais, apontam economistas. Eles destacam também que qualquer resultado do PIB gaúcho neste ano virá sobre base baixa, já que o Estado tem crescido menos que a média nacional.

Os últimos dados para o PIB dos Estados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão que calcula oficialmente o indicador, são de 2021, mas outros indicadores de atividade e projeções de economistas dão um cenário para o PIB dos últimos anos e para o que se espera para 2024.

Bruno Lavieri, economista-chefe da 4intelligence, diz que a expectativa inicial para o PIB do Rio Grande do Sul era de crescimento “robusto”, na casa dos 5% em 2024. “Na época das chuvas revisamos para uma queda de PIB de cerca de 1,5%. Agora estimamos uma variação de PIB mais perto de zero.” As estimativas mostram que houve uma recuperação mais rápida que a esperada, mas ele ressalta que, “no fim das contas, a tragédia tem efeito negativo relevante”. “Estamos falando de algo em torno de cinco pontos percentuais do PIB, que é muita coisa.”

Mais otimista, Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, estima que o PIB gaúcho cresça perto de 3% este ano, ainda abaixo da expectativa antes da enchente, que era de alta de 4,5% a 5%. De qualquer forma, diz ele, é muito melhor do que se imaginava no auge da tragédia. “A boa nova é que a enchente foi muito forte e muito pesada, mas houve forte reação na sequência, importante para reativar o Estado nos meses seguintes.” Vale cita o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), uma proxy do PIB. Nesse indicador, a atividade no Rio Grande do Sul no acumulado em 12 meses até agosto mostra crescimento de 2,3%, com desaceleração em relação à alta da ordem de 3,3% até abril, destaca.

Lavieri ressalta que as estimativas de crescimento do Estado devem considerar que o Rio Grande do Sul vem de dois anos muito ruins. “Em 2022 e 2023 o Estado ficou muito abaixo da média do país, muito em função da safra agrícola, que foram ruins nesses dois anos no Rio Grande do Sul. Havia expectativa que neste ano a safra tirasse esse atraso, só que, com as tragédias, uma parte dessa colheita foi perdida e isso acaba atrasando essa recuperação.”

Pelos cálculos do economista, o PIB do Rio Grande do Sul teve queda de 1,2% em 2022 e alta de 0,3% em 2023. No IBC-Br, lembra Vale, o Rio Grande do Sul caiu 1,2% em 2022 e teve alta de 2% em 2023. Em iguais períodos o PIB nacional medido pelo IBGE cresceu 3% e 2,9%, nessa ordem.

A recuperação do Rio Grande do Sul em 2024, diz Lavieri, tem sido heterogênea, puxada pelo comércio, que reflete o consumo resultante de estímulos, linhas de crédito e distribuição de recursos do governo estadual e da União. “As pessoas compram alimentos e o que perderam nas enchentes. Faz bastante sentido. O que vemos em ritmo um pouco mais fraco é a indústria de transformação, que foi quem mais sofreu ali no mês de maio de 2024, além de serviços, também sofrendo um pouco.”

Abrindo a composição do PIB gaúcho estimado para 2024, diz Lavieri, o grupo de serviços deve ter queda de 2,6% e a indústria deve crescer 1%. A alta da indústria, que abrange também construção civil e serviços públicos, tem base de comparação muito negativa deixada em 2023, explica o economista. Em 2024, estima, o PIB gaúcho ficará novamente aquém do nacional. Para o PIB total do país Lavieri estima alta de 3% em 2024, com crescimento de 3,1% para a indústria e de 3,3% para serviços.

Após esse momento de reconstrução de recomposição dos bens perdidos na enchente, diz Vale, é natural que haja uma desaceleração. Para o economista, porém, é preciso também entender as consequências de mais longo prazo das questões climáticas no Estado. “É preciso entender, do ponto de vista da decisão de investimento e de localização das empresas, se elas irão procurar por locais eventualmente menos impactados por enchentes ou pelas secas que têm sido constantes.” As informações são do jornal Valor Econômico.

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