Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por João Batista Garcia Dias | 30 de agosto de 2022
Toda vez que acordo. Olho para minha filha e penso: “Que mundo estou deixando para ela”. Gosto ainda de pensar em outra frase, que não sei o autor, que diz: O que fiz hoje para transformar o mundo em um lugar melhor? Tenho consciência que não mudarei o mundo, mas posso fazer a minha parte. Mais ainda, na minha profissão além de conseguir ajudar, ainda consigo trabalhar com crianças. Nestes 5 anos a frente da empresa, já palestrei para mais de 5.000 crianças. Em cada uma plantei uma sementinha, para que cobrassem de seus pais, por que eles, assim como eu não foram preparados para destinar corretamente seus resíduos. Recebemos as facilidades, do mundo moderno, principalmente o plástico, e não nos disseram o que fazer com ele. Aliás, o plástico começou entrar na nossa vida por volta dos anos 70 e pouco ou quase nada se falava em termos de reciclagem.
Para ilustrar, gosto citar um artigo que escrevi. Neste artigo, me pediram para falar de Consumo Consciente. Comecei falando da minha juventude no interior na década de 70. Morava com meus avós e muita coisa da casa era produzida com coisas que plantávamos, e as sobras, voltavam para a horta. Então minha vó já fazia compostagem. Quando íamos ao armazém tínhamos que levar sacolas de casa. As garrafas não eram descartáveis, então também tínhamos que levar as garrafas para trocar. Desta forma, os resíduos que tínhamos em casa, eram vidro quebrado, ferro e osso e, tudo isto se vendia a um bom valor, para a reciclagem. Hoje eles valem nada ou quase nada. E, vidros bons, viram copos ou vasilhas e até as latas de azeite, que eram de ferro, eram cortadas e aproveitadas como forma de pão. O Título que usei para este Texto? – Minha vó era ambientalista.
Depois de passar longos anos na iniciativa privada, assumi a empresa da família, na área de reciclagem. Nesta minha trajetória na área, consegui participar de bons projetos. Um que criei, chamado Educando Para o Futuro, que em parceria com empresas e o poder Público municipal, doava estruturas para que as escolas pudessem incentivar as crianças a trazerem seus resíduos recicláveis de casa. Este resíduo, minha empresa recolhe até hoje, gera um valor de acordo com cada tipo de material recolhido, e, o valor final é repassado para o CPM das Escolas. Este projeto, hoje, integra a agenda A3P do Ministério do Meio Ambiente como um exemplo de parceria Público Privada. Outro, e o mais importante deles, criamos em parceria com representantes de outras empresas, dentro da Associação Comercial e Industrial de Montenegro e Pareci Novo, chamado EcoPila.
Este merece um parágrafo específico. Criamos este projeto em 2018 e até hoje, arrecadamos mais de 300 toneladas de resíduos recicláveis e distribuímos mais de 70.000 EcoPilas, ou seja, injetamos mais de R$ 70.000 na Economia local. E como funciona? Uma vez por semana, montamos um Drive Thru na praça Central de Montenegro, onde as pessoas trazem seus resíduos recicláveis, com uma separação básica, e, os resíduos são pesados e valorizados conforme o tipo. Para a soma dos materiais, remuneramos as pessoas com EcoPilas, uma moeda local, que só pode ser usada nos municípios de Montenegro e Pareci Novo. Hoje, mais de 60 negócios nas cidades, recebem o EcoPila, para qualquer tipo de compra. Depois, o negociante, troca os seus EcoPilas nas agencias do Sicredi por reais.
Em complemento ao projeto, em parceria com uma empresa de Compostagem Industrial, chamada Bio C, nos últimos meses, passamos a fornecendo para os frequentadores do projeto, baldinhos com tampa (estes baldes são de reutilização) e embalagens compostáveis, para que possam acumular seus resíduos orgânicos. Nas quintas as pessoas trazem os seus recicláveis, que são valorizados, e os orgânicos que são enviados para a Compostagem. Nesta movimentação ela ganha novas embalagens. Desta forma, o projeto consegue destinar corretamente mais de 90% do resíduo gerado em uma residência.
Projetos como estes visam incentivar a cultura de reciclagem, que ainda engatinha no Brasil, por diversos fatores. Seja por vontade política, de mercado ou mesmo de conscientização das pessoas. Não há incentivos por parte dos governos, tanto que muitas das reciclagens existentes no Brasil, não são oficiais e sequer tem alguma licença para operar. Precisamos urgente de uma política de benefícios, para que mais empresas ou cooperativas se formem. Precisamos ainda de um trabalho de educação ambiental forte nas escolas, utilizando as crianças como propulsores de um futuro mais limpo.
Outro problema, são algumas misturas produzidas, principalmente com plástico, que tornam caro o processo de reciclagem ou simplesmente, impossibilitam qualquer tipo de reciclagem. Precisamos de NBR´s específicas que limitassem a produção destes materiais ou que obrigassem quem o produzisse a receber de volta ou remunerar quem dá destino a estes materiais.
Enfim, as soluções são demoradas e complexas, mas precisam começar de alguma forma. Eu faço a minha parte. E Você? O que fez hoje para transformar o mundo em um lugar melhor?
João Batista Garcia Dias
Presidente da ACI de Montenegro/ Pareci Novo
Diretor, Montepel Inteligência Ambiental
Convidado especial Federasul Divisão Jovem
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