Domingo, 05 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de janeiro de 2025
O anúncio feito pela ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, sobre a criação de uma Medida Provisória com o objetivo de reajustar os salários de servidores federais e reestruturar algumas carreiras gerou grande insatisfação na Polícia Federal (PF). O principal ponto de desconforto para a corporação foi a criação de 750 novos cargos nas áreas de Defesa, Justiça e Segurança, com salários que variam entre R$ 9.711 e R$ 21.070, o que gerou um sentimento de desvalorização entre os policiais federais.
Delegados federais têm demonstrado, cada vez mais, a percepção de que o governo Lula tem priorizado setores considerados estratégicos para sua agenda política, como o Ministério da Defesa, que engloba os militares, enquanto ignora as necessidades da PF. Esse cenário tem gerado um crescente sentimento de desprestígio dentro da corporação, que considera suas demandas e necessidades sistematicamente negligenciadas. A sensação é de que a Polícia Federal está sendo deixada de lado em um momento crucial para a segurança pública.
Em relação à nova medida anunciada, Luciano Leiro, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), se manifestou de maneira contundente: “A priorização de outros setores põe ainda mais dúvidas se há intenção de atender ao pedido de concurso para os quase 1.800 cargos vagos para policiais federais, o que por si coloca em risco nossa capacidade de enfrentar a criminalidade e proteger a sociedade. É fundamental que o governo federal entenda a gravidade dessa situação e priorize investimentos que fortaleçam a PF em suas atribuições estratégicas. Somos uma instituição essencial para a segurança pública e o combate ao crime organizado no Brasil, mas temos sido sistematicamente negligenciados nas demandas por reforço e estruturação”, disse o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Luciano Leiro.
Além disso, os integrantes da PF reforçam que, há meses, o órgão tem solicitado reforços tanto para seu quadro administrativo quanto operacional, com o objetivo de garantir maior eficiência nas operações e no combate ao crime. O fato de o governo ter priorizado a criação de novos cargos no Ministério da Defesa, enquanto a PF segue sem a atenção necessária, foi interpretado como uma “nova negligência” por parte da administração federal.
A ADPF detalhou que, desde maio, a PF enfrenta uma lacuna de 1.734 cargos policiais, o que tem impactado negativamente na capacidade de realização de operações de grande porte e na resposta a questões de segurança pública. Mesmo com reiteradas solicitações para a abertura de um novo concurso público, a associação denuncia que não recebeu qualquer resposta do governo sobre o andamento ou possibilidade de realização desse concurso.