Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2024
A Polícia Federal (PF) ouviu nessa semana o general de Exército Nilton Diniz Rodrigues no inquérito que apura a tentativa de integrantes do governo Jair Bolsonaro de evitar a posse de Lula em 2023.
O depoimento chamou a atenção por ser a primeira vez que o militar foi ouvido na investigação e pelo fato de ele ainda estar na ativa. Rodrigues é o atual comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, na Amazônia.
A PF decidiu ouvir o general porque ele trabalhou como assistente do general Freire Gomes, que comandou o Exército entre março e dezembro de 2022, fim do governo Bolsonaro. À época, Rodrigues ainda era tenente-coronel. Ele só foi promovido a general de Exército em 31 de março de 2023, em ato assinado pelo presidente Lula e pelo atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
Até agora, o general Nilton não tinha sido ouvido pela Polícia Federal. Seu nome surgiu após novas análises e perícias realizadas nos computadores e emails apreendidos ao longo das investigações, que estão sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Além dele, outros quatro coronéis serão ouvidos pela PF nessa reta final das investigações sobre a trama golpista.
Desses, Anderson Lima e Carlos Geovani já foram indiciados criminalmente pelo próprio Exército em por participarem da elaboração e divulgação de uma carta pressionando a cúpula militar a dar o golpe. O documento circulou por WhatsApp no dia da diplomação do presidente Lula no TSE e citava especificamente o general Freire Gomes, então comandante do Exército, dizendo que o momento de impedir a transição de Bolsonaro para Lula seria “agora ou nunca mais”.
Naquela noite, houve tumultos no centro de Brasília, com incêndio de veículos e quebra-quebra destinados a causar um ambiente de insegurança que justificasse o golpe.
O general Nilton foi cobrado a explicar sua participação em uma reunião com outros coronéis das Forças Especiais num salão de festas de Brasília no final de novembro, entre outros episódios ligados à trama.
Ramagem
A PF também ouviu o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que disputou a prefeitura do Rio pelo PL de Jair Bolsonaro nesta eleição municipal – e perdeu.
O deputado também é investigado em um outro inquérito que apura se a Abin, sob o comando dele, foi utilizada para fazer o monitoramento ilegal de alvos que eram desafetos do governo Bolsonaro. Dados das duas investigações foram compartilhados.
A principal linha de investigação da PF é que diversos órgãos do governo passado foram mobilizados para interferir na posse de Lula, como setores da Abin, Polícia Rodoviária Federal, Palácio do Planalto e das Forças Armadas.
Uma das principais provas elencadas pela PF é a discussão de uma minuta golpista em reuniões nos Palácios do Planalto e da Alvorada, no fim de 2022. Segundo a PF, o ex-presidente teria convocado os então comandantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha para tratar sobre a aplicação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), estado de defesa e de sítio para impedir a transmissão o cargo a Lula, que havia ganhado as eleições naquele ano. Conforme as investigações, os chefes do Exército e da Aeronáutica se manifestaram contra o plano.