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Por Redação O Sul | 5 de fevereiro de 2019
O Superintendente Regional de Polícia Federal no Paraná, delegado Luciano Flores de Lima, que assumiu o cargo na segunda-feira (4), disse que a Operação Lava-Jato “está longe do fim” e apresentou uma saída para o fim do contrabando de cigarros. As informações são do portal G1.
Questionado sobre o que evoluiu na Lava-Jato nas investigações de lavagem de dinheiro e organização criminosa, tanto de tecnologia, quanto de conhecimento técnico, e sobre como manter esse know how com a mudança de equipe, Flores disse que foram vários fatores.
“Não só de recursos materiais, como de recursos humanos, acabam nos levando para uma nova fase, digamos assim, da Lava-Jato. Um novo cenário que, apesar da troca da equipe, de membros da administração regional, nos permite dar continuidade e, talvez, fortalecer as investigações em andamento a partir do conhecimento que a nova equipe também já tinha”, afirmou.
Conforme o superintendente, não só ele, quanto o seu substituto, ou o novo delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Ricardo Hiroshi, que está substituindo Igor Romário de Paula, todos já trabalharam na Lava-Jato, e em inúmeras outras investigações complexas também de combate à corrupção e lavagem de dinheiro.
“Talvez, por esse motivo, vai ser possível a gente fazer essa transição da administração com menos impacto nessa questão de eventuais prejuízos que poderiam ser causados pela falta daqueles administradores que estavam aqui antes. Então, a gente está bastante otimista, a gente acredita que esse ano vai ser muito produtivo”, disse Flores.
Conforme o superintendente, as pessoas passam e as instituições ficam. “Na Polícia Federal, principalmente na do Paraná, sempre foi assim. Veja que a Lava-Jato começou sobre a administração regional do dr. Rosalvo e depois veio o dr. Valeixo e, agora, comigo a ideia é a de que sempre seja dada a continuidade à metodologia que deu certo, à interação com os outros órgãos envolvidos nas investigações, como o Ministério Público Federal e a Receita Federal”, relatou.
“Outro exemplo também na 13ª Vara, com a saída do Dr. Sérgio Moro, a juíza que o substitui, também muito competente, não houve nenhum impacto em termos de celeridade do julgamento dos pedidos, de novas buscas e apreensões, novas prisões quando é o caso”, exemplificou.
Ele afirmou ainda que acredita ser um momento “muito bom” de repor colegas que saíram. “Há um novo concurso em andamento, já que a nossa necessidade é urgente de aumentar o efetivo de investigadores, não só da Lava-Jato, como de outras investigações”, refletiu.
Flores também falou do exemplo da operação Carne Fraca, que segundo ele também tem uma demanda muito grande de investigação e poucos investigadores. “Um problema que é em todo o Brasil, não só do Paraná. A carência de efetivo da Polícia Federal está sendo agravada com as aposentadorias que ocorreram nos últimos anos e a ausência de concursos concomitantes dessas aposentadorias”, disse.
O superintendente disse que se imaginarmos a quantidade de dados decorrentes das centenas e centenas de aparelhos eletrônicos que foram apreendidos em todas as fases da Lava-Jato, além da documentação que já foi e está sendo digitalizada, é humanamente impossível de ser analisado por um grupo de pessoas, principalmente quando esse grupo é pequeno.
“Sem tecnologia, sem ferramentas de busca, de inteligência artificial, de estruturação de dados… O armazenamento de dados não é uma coisa simples, demanda investimento. Tudo isso faz parte da tecnologia que eu falei, que foram adquiridas recentemente e que estão sendo instaladas e que estarão a disposição dos investigadores nos próximos meses”, afirmou.
“Isso permite que seja dado um salto muito grande na análise de dados, na celeridade de relatórios, e também na descoberta de novos esquemas que, até o momento, não houve tempo de para que fosse feito”, completou. Quanto ao ritmo das fases da Lava-Jato – já houve duas instauradas só neste ano -, o superintendente disse que o fim está longe.
“O que a gente pode garantir é que a Lava-Jato está muito longe do fim.” Mas lembrou que o ritmo não é determinado apenas pelos profissionais envolvidos. “O ritmo, se depender da parte dos investigadores, continuaria no ritmo que vem tendo nos últimos meses. Mas a gente entende também que não depende só da gente, depende da capacidade do Poder Judiciário e na primeira instância perante a qual a gente faz os pedidos para as novas fases”, ponderou.