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Em um ano, 2 milhões de brasileiros entram em situação de pobreza extrema

Do total de 207 milhões de brasileiros, 7,4% estavam abaixo da linha de extrema pobreza em 2017. (Foto: Reprodução)

Em apenas um ano, o Brasil passou a ter quase 2 milhões de pessoas a mais vivendo em situação de pobreza. A extrema pobreza também cresceu em patamar semelhante. É o que revela a SIS (Síntese de Indicadores Sociais), divulgada nesta quarta-feira (05) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De acordo com a pesquisa, em 2016 havia no País 52,8 milhões de pessoas em situação de pobreza no País, o que representa 26,5% da população. Este contingente aumentou para 54,8 milhões em 2017, um crescimento de quase 4%.

Já a população na condição de pobreza extrema aumentou em 13%, saltando de 13,5 milhões para 15,3 milhões no mesmo período. Do total de 207 milhões de brasileiros, 7,4% estavam abaixo da linha de extrema pobreza em 2017. Em 2016, quando a população era estimada em cerca de 205,3 milhões, esse percentual era de 6,6%.

Segundo o IBGE, é considerada em situação de extrema pobreza quem dispõe de menos de US$ 1,90 por dia, o que equivale a aproximadamente R$ 140 por mês. Já a linha de pobreza é de rendimento inferior a US$ 5,5 por dia, o que corresponde a aproximadamente R$ 406 por mês. Essas linhas foram definidas pelo Banco Mundial para acompanhar a pobreza global.

Distribuição da pobreza

A Região Nordeste é a que possuía o maior percentual de pessoas nesta condição – 14,7% da população contra 13,2% no ano anterior. A menor proporção estava na Região Sul, com 2,9% contra 2,4% no ano anterior.

“O crescimento do percentual de pessoas abaixo dessa linha [de pobreza extrema] aumentou em todas as regiões, com exceção da Região Norte, onde se manteve estável”, destacou o IBGE. Já em relação à população brasileira em situação de pobreza, ou seja, que vive com menos de R$ 406 por mês, quase metade estava no Nordeste – dos 54,8 milhões de pobres no País, mais de 25 milhões vivem nos Estados nordestinos, o que representa quase metade de toda a população da região.

A maior proporção de pobres reside no Maranhão, segundo o IBGE. Lá, mais da metade da população está abaixo da linha da pobreza. Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Piauí, Ceará, Alagoas e Bahia tinham quase metade da população pobre também.

Já Santa Catarina aparece com o menor percentual de pobres – 8,5% de sua população estava abaixo da linha de pobreza. Em todas as demais unidades da Federação, esse percentual ficou acima de 13%.

Um quarto do salário mínimo

O levantamento mostra também que em 2017 havia no País 26,9 milhões de pessoas com renda abaixo de um quarto do salário mínimo, o que equivale a R$ 234,25, já que o salário mínimo era de R$ 937 naquele ano. Este contingente aumentou em mais de 1 milhão de pessoas na comparação com o ano anterior. Em 2016, havia 25,9 milhões de brasileiros nesta condição.

No mesmo período, aumentou em 1,5 milhão o número de brasileiros com renda inferior a R$ 85 por mês. Em 2016, eram 8,2 milhões de pessoas nesta condição, e este contingente saltou para 9,7 milhões em 2017 – um aumento de 18,3%.

“A pobreza teve uma mudança significativa neste período. Todas as faixas de rendimento usadas para classificar a pobreza tiveram aumento”, enfatizou o analista da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, Leonardo Athias.

Dentre os motivos que levaram ao aumento da pobreza no Brasil, Athias destaca a crise no mercado de trabalho, com aumento do desemprego e da informalidade, a recessão econômica intensa dos dois anos anteriores, além do corte de investimentos no Bolsa Família, programa de transferência de renda voltado justamente para as classes mais pobres.

 

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