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Educação O número de calouros em cursos superiores a distância vai superar o de presenciais já no ano que vem

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A volta às aulas na Ilha de Páscoa é uma notícia positiva em meio à situação complexa que o Chile enfrenta. (Foto: Agência Brasil)

A pandemia do novo coronavírus, fez com que acelerasse a projeção do aumento do número de alunos do Ensino Superior estudando na modalidade a distância (EAD) já em 2022 – um ano antes do que estava previsto no estudo feito pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights. Assim, conforme a projeção, o número de calouros em cursos superiores a distância vai superar o de presenciais.

Entre os fatores apontado pela mudança estão a queda do índice de emprego e renda da população brasileira causado pela Covid-19. No cenário econômico, a previsão é de retração de 8% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2020, conforme previsão do Banco Mundial.

Além disso, o aumento da oferta de cursos de graduação 100% online ou híbridos, em que parte é feita virtualmente, vai atrair mais alunos a cada ano, principalmente por apresentarem custos menores. Na análise de Celso Niskier, diretor presidente da ABMES, a mudança pode apontar a inclusão de pessoas de camadas mais vulneráveis no Ensino Superior.

O aumento da adesão aos cursos de ensino a distância já tinha sido percebido em 2019, quando ultrapassou a presencial em número de novas matrículas. De acordo com o último Censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), em 2018 as duas modalidades já apresentavam uma diferença de apenas 243 mil matrículas. No entanto, o agravamento da situação econômica vem provocando um crescimento exponencial da EAD, que possui mensalidades bem mais acessíveis que os cursos presenciais, além de maior flexibilidade para conciliar trabalho e estudo.

A estimativa é de que em 2019 o número de novas matrículas em EAD tenha ficado em cerca de 1,66 milhão, enquanto a modalidade presencial teve 1,48 milhão. A expectativa é de que os dados sejam confirmados com a divulgação do Censo da Educação Superior 2019, previsto para ocorrer em outubro deste ano.

Para fazer a projeção, o estudo desenvolveu uma metodologia baseada em históricos recentes para projetar o mercado de educação superior no curto, médio e longo prazos. Foram consideradas as variações dos indicadores entre os anos de 2014 e 2015, que apresentaram aumento de taxa de desemprego, e entre os anos de 2017 e 2018, que registraram queda na taxa de desemprego no curto prazo. O levantamento faz parte da terceira etapa da pesquisa que mede os impactos da pandemia da Covid-19 no ensino superior, que teve início no mês de março.

“A mediação tecnológica na educação é uma tendência mundial, da qual o Brasil também faz parte. Nossas estimativas anteriores, baseadas em indicadores econômicos, sociais e demográficos, apontavam para a inversão entre o número de alunos do presencial e EAD somente em 2023. No entanto, tivemos alterações socioeconômicas significativas, que ao que tudo indica, anteciparam em um ano esse processo”, afirma o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier.

A pesquisa, que ouviu 1.607 pessoas, entre estudantes e pessoas que pretendem ingressar no ensino privado superior pelos próximos 12 meses, mostra que 94% dos estudantes querem dar continuidade aos estudos, independente dos impactos provocados pela pandemia. O percentual é bastante parecido com a primeira e a segunda etapa da pesquisa – sem o cenário da pandemia –, na qual houve variação de apenas três pontos percentuais. Entre os estudantes das modalidades presencial e a distância (EAD), é possível perceber a elevação do risco de continuar estudando. Nesta edição, 47% dos estudantes presenciais apontaram riscos de desistir do curso em função da pandemia.

Assim como nas etapas anteriores, a principal preocupação dos estudantes atuais é com a manutenção do emprego e da renda. Quando perguntados sobre os principais fatores que poderiam acarretar na interrupção dos seus estudos, 60% dos estudantes apontaram para a perda de emprego como fator determinante.

O fechamento de empresas e comércios em função do isolamento social imposto pela Covid-19 afetou o rendimento de parte dos alunos, como mostra a pesquisa. Quando perguntados sobre este tema, 60% afirmaram não ter sofrido impactos significativos com a pandemia. No entanto, 22% informaram ter perdido o emprego em função da crise. No levantamento anterior, esse percentual era de 20%. O índice de demissões relatadas foi alto, porém, mesmo assim, somente 11% deste total informou que pretende deixar ou já deixou o curso.

Diante dos impactos provocados pela pandemia, a pesquisa quis saber também por até quanto tempo os alunos acreditam que podem continuar pagando suas mensalidades sem dificuldades financeiras. Mais de um terço deles (41%) disseram que ainda não conseguem mensurar quanto tempo, mas acham que poderão ter problemas em algum momento. Outros 30% disseram que conseguem pagar sem nenhum problema pelos próximos três meses. Este indicador foi o que sofreu maior variação em relação à segunda onda da pesquisa, que registrava 40%.

Falando especificamente das mensalidades do mês de maio, 70% dos alunos disseram que realizaram o pagamento, ainda que fora do prazo de vencimento. No entanto, 14% deles informaram que ainda não efetuaram o pagamento não sabem quando poderão fazê-lo. No mês passado, apenas 7% dos entrevistados estavam nesta situação, conforme mostra a figura número dois.

Entre os estudantes que enfrentam alguma dificuldade para honrar com o pagamento da sua mensalidade, 42% informaram ter recebido algum tipo de auxílio por parte da instituição de ensino onde estuda para se manter no curso. Desses, 34% disseram que a instituição ofereceu um plano de pagamento individual, enquanto que 66% foram atendidos em programas de facilitação do pagamento das mensalidades coletivos.

Quanto ao grau de satisfação dos alunos com as condições de auxílio ofertadas pelas instituições, 61% dos estudantes que receberam auxílio exclusivo avaliaram positivamente a medida. Já entre os estudantes que foram atendidos pelos programas de auxílio coletivos, os chamados planos horizontais, o grau de satisfação foi de 21%.

Após 76 dias do início do isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19 no Brasil, mais de 80% das instituições de ensino superior particulares do país migraram suas atividades presenciais para aulas remotas. As outras 18% preferiram optar por suspender as aulas ou o semestre, conforme o gráfico 1.

 

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