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Por Redação O Sul | 22 de setembro de 2016
Com maior visibilidade na política, ao menos 84 candidatos transexuais disputam uma vaga nas Câmaras e prefeituras Brasil afora em 2016, segundo estudo feito pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). As candidaturas trans ganharam volume – nas eleições de 2012, a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Transexuais e Travestis) listou 31 travestis e trans concorrendo no País, menos da metade das registradas neste ano.
De acordo com a professora Luiza Coppieters (PSOL), candidata à Câmara de São Paulo, o aumento, significativo, se dá “porque a sociedade começou a discutir as questões dos transexuais”. “A gente começou a aparecer, e temos demandas bastante específicas”, diz ela. “Além disso, acho que há uma politização do movimento, não estamos mais lutando só pela garantia de direitos básicos, mas indo além.”
O partido com maior número de transexuais na disputa é o PSOL, com 15 candidaturas espalhadas pelo Brasil. Destas, duas fazem um feito inédito: pela primeira vez, mulheres trans disputam um cargo majoritário no País. Elas são a baiana Samara Braga e a paulista Thífany Félix, que concorrem, respectivamente, às prefeituras de Alagoinhas e Caraguatatuba.
Apesar das divergências partidárias – além do PSOL, há candidaturas trans em outros 25 partidos –, parece ser ponto comum nas candidaturas a preocupação com questões da saúde de transexuais. Entre as prioridades de Samara está a assistência no acesso a tratamentos hormonais, com o acompanhamento e atendimento humanizado. Mira-se no próprio exemplo. Sem apoio, fez todo o tratamento por conta própria, colocando em risco a saúde.
E entre as propostas de Thammy Miranda, de São Paulo – candidato criticado dentro do movimento LGBT por candidatar-se pelo PP, partido do “centrão” –, a questão também aparece como prioridade, com a defesa da ampliação da área especializada em cirurgia de “transgenitalização” (transformação dos genitais).
Rio Grande do Sul tem cinco candidatos trans.
São Paulo concentra a maior parte das candidaturas transexuais na eleição de 2016, com ao menos 24 nomes dos 84 levantados na pesquisa. Em um segundo lugar distante, vem a Bahia, com oito candidatas. Em terceiro, Minas Gerais, com seis candidatas. Empatados na quarta colocação, estão o Rio Grande do Sul e Paraná, com cinco candidaturas.
A maioria feminina é notável. Em São Paulo, das 24 candidaturas, há apenas dois homens: Thammy Miranda (PP) e Régis Vascon (PCdoB). “Os homens trans começaram a se organizar há menos tempo”, diz a professora Luiza. Para ela, isso também se explica por uma maior estigmatização das mulheres trans, que são mais facilmente reconhecidas como pessoas desse gênero do que os homens. (Folhapress)