Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de março de 2020
O número de mortes provocadas pelo coronavírus na Europa já supera o da China de acordo com dados recolhidos até a 0h desta quarta-feira (18). Há 3.445 mortes registradas (em 25 de 48 Estados), 218 a mais que as 3.237 reportadas na China.
O número total de casos chineses ainda é superior ao europeu (80.894 no país asiático e 80.529 na Europa), mas a maioria dos doentes na China já se recuperou, enquanto na Europa ocorre o inverso. São 72.237 pessoas ainda doentes na Europa, das quais 3.569 em estado grave. Na China, os doentes são 8.043, 2.622 em estado crítico.
De acordo com os números coletados, a porcentagem de casos graves e de mortes em relação ao total de casos relatados é ligeiramente maior na Europa: 4,43% dos casos europeus são críticos, contra 3,24% dos chineses, e 4,28% resultaram em morte; na China, 4%.
Embora haja discrepâncias entre os balanços divulgados por diferentes instituições, tomados de maneira mais ampla os números mostram por que a OMS declarou na última semana que a Europa é o novo epicentro da pandemia.
No continente, a doença ainda está em fase de expansão, e dados recentes mostram que o crescimento tem sido mais rápido na Europa que na China — e, no Brasil, mais rapidamente que na Itália.
Vacina
O começo dos testes de uma vacina contra o novo coronavírus nos Estados Unidos é uma notícia animadora, mas nada garante que a abordagem, iniciada com voluntários sadios, dará origem a uma forma viável de imunização.
Até hoje, o método empregado pelos pesquisadores americanos não chegou a produzir uma vacina comercializada.
A equipe do Instituto de Pesquisa em Saúde Kaiser Permanente, em Seattle, liderada pela médica Lisa Jackson, já começou a ministrar as primeiras doses de sua vacina experimental a um grupo que contará com 45 participantes, no total. Cada um deles receberá duas doses, com um intervalo de 28 dias entre as aplicações.
Eles serão divididos em três subgrupos, cada um dos quais recebendo doses diferentes da vacina, de 25 microgramas (cada micrograma equivale a um milionésimo de grama) a 250 microgramas.
O trabalho está sendo feito em parceria com a empresa de biotecnologia Moderna e é financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, órgão do governo americano.
Os participantes serão monitorados por 14 meses e receberão até US$ 1.100 pela colaboração, caso não faltem a nenhuma das visitas médicas e entrevistas por telefone. Compensações financeiras desse tipo são comuns em testes clínicos nos EUA, embora sejam proibidas no Brasil.
A rapidez com que o teste foi aprovado e iniciado pode ser explicada tanto pela emergência de saúde pública representada pelo vírus Sars-CoV-2 quanto pelo método empregado pelos pesquisadores.
Trata-se de uma vacina de mRNA (RNA mensageiro), molécula “prima” do DNA que costuma carregar as informações necessárias para a produção de uma proteína até as “fábricas” da célula.
Com base no material genético do novo coronavírus, os pesquisadores fabricaram moléculas de mRNA que contêm a receita para a produção da proteína da espícula do parasita — o “espinho” ou “arpão” que ele usa para se fixar nas células humanas.
A ideia é fazer com que o organismo dos pacientes produza apenas essa proteína, com base no mRNA da vacina.
Com isso, o sistema de defesa das células reagiria como se tivesse sido invadido pelo vírus real, produzindo anticorpos — moléculas defensoras — com “design” específico para o combate ao Sars-CoV-2. Diante do patógeno verdadeiro, essas pessoas estariam imunes.
Essa, ao menos, é a lógica do trabalho. As vacinas de mRNA têm a vantagem de serem produzidas com relativa facilidade e de serem bastante seguras, uma vez que em nenhum momento o paciente entra em contato com o vírus real, e as moléculas de mRNA se degradam facilmente no organismo após a aplicação.