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Colunistas O país das pseudocelebridades

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(Foto: Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Que país é esse? Será reflexo da decadência da cultura contemporânea do povo brasileiro? Nos dias atuais, é impossível não notar uma mudança drástica na forma como celebridades são formadas e reconhecidas no Brasil.

O que antes era reservado a talentos genuínos nas artes, na música ou na literatura, agora parece ter dado lugar a um fenômeno curioso e preocupante: a ascensão de figuras que conquistam fama por atos de pura estupefação.

Um exemplo notório dessa nova cultura é o cantor “Caneta Azul”, que ganhou notoriedade por sua performance desafinada em uma música que, se não fosse pelo riso involuntário que provoca, poderia ser facilmente esquecida.

A ironia é que, ao invés de ser visto como um mero entretenimento passageiro, ele se tornou uma celebridade rica e amplamente reconhecida. Essa transformação de um “desastre musical” em ícone popular levanta questões sobre o que realmente valorizamos em nossa cultura.

Outro caso emblemático é o influenciador conhecido como “Luva de Pedreiro”, famoso por chutar uma bola em direção ao gol e repetir uma frase de efeito. O que poderia ser apenas uma brincadeira local rapidamente se transformou em um fenômeno internacional. A popularidade dele nos faz refletir: até onde estamos dispostos a ir para celebrar a mediocridade?

E não podemos esquecer da recente “heroína” Jennifer, que ganhou notoriedade ao defender seu direito de ocupar um assento de janela em um avião, contra uma criança birrenta. De repente, sua simples atitude de se impor se transformou em um ato heroico, resultando em campanhas publicitárias e fama instantânea.

É fascinante como um pequeno ato cotidiano pode catapultar alguém à condição de celebridade. Esses exemplos ilustram uma tendência preocupante: a banalização da fama e o culto à superficialidade. Antes, as pessoas eram reconhecidas por suas contribuições significativas à cultura; hoje, qualquer ato de estultice pode rapidamente levar alguém ao estrelato.

Isso nos faz perguntar: o que estamos realmente valorizando? A capacidade de entreter ou a profundidade do talento? A sociedade brasileira parece ter trocado os aplausos para os artistas talentosos por risadas e cliques para aqueles que protagonizam situações absurdas.

Essa nova realidade reflete não apenas um desvio dos padrões culturais mais elevados, mas também uma busca incessante por atenção a qualquer custo. É fundamental refletirmos sobre o impacto desse fenômeno na formação da nossa identidade cultural.

O que queremos promover? Celebridades baseadas em talentos ou figuras surgidas da banalidade? A resposta pode nos ajudar a entender melhor os caminhos que estamos trilhando como sociedade.

Enquanto isso, estudos recentes apontam que o Brasil caiu para 69ª posição no ranking mundial de QI médio (Quociente de Inteligência), baixando de 87, nas últimas décadas, para 83, em 2023/24.

Além de ter ficado em uma das últimas colocações do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes)…

Eu não sei quanto a vocês, mas a mim muito me preocupa. Vivemos tempos em que a superficialidade parece reinar acima da profundidade. A busca incessante por likes e visualizações tem ofuscado valores essenciais e nos afastado das verdadeiras contribuições artísticas e intelectuais.

Precisamos urgentemente repensar o que significa ser reconhecido e celebrado na nossa sociedade. Afinal, o legado cultural que deixamos para as futuras gerações deve ser construído sobre fundamentos sólidos e significativos, não sobre efemeridades vazias.

 

(Fabio L. Borges, jornalista e cronista gaúcho)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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