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O Palácio do Planalto admitiu ter havido um encontro entre Temer e o doleiro Lúcio Funaro na Base Aérea do aeroporto de Congonhas

O presidente Michel Temer conseguiu reverter de maneira significativa a expectativa das principais lideranças do Congresso quanto ao desfecho de seu governo. (Foto: Beto Barata/PR)

Na expectativa de uma nova denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra o presidente Michel Temer, a assessoria do Palácio do Planalto admitiu que ele teria tido um encontro rápido com o operador Lúcio Funaro. Segundo a assessoria, Temer se lembra apenas de ter sido apresentado a Funaro na base aérea em Congonhas.

“Não houve encontro, apenas cumprimentos rápidos. Pode ser que Eduardo Cunha tenha estado presente”, disse a assessoria de Temer ao portal de notícias G1.

Não há informação precisa sobre a data do encontro. Procurada pelo jornal O Globo, a assessoria de Temer não confirma outros duas ocasiões em que Funaro diz ter estado com Temer. Os três episódios foram relados pelo operador financeiro do PMDB em depoimento à Polícia Federal no dia 14 de junho e noticiados na imprensa no dia 20 de junho deste ano, quando o depoimento veio à público.

Os encontros teriam ocorrido na base aérea de São Paulo, com Eduardo Cunha; em uma reunião de apoio à candidatura de Chalita à prefeitura de São Paulo, ocorrida em uma igreja da Assembleia de Deus, com a presença dos bispos Manoel Ferreira e Samuel Ferreira; e em um comício para as eleições municipais de Uberaba em 2012, com Cunha e Ricardo Saud, executivo do frigorífico JBS.

Quando a notícia sobre o depoimento veio a público em junho, a defesa de Temer não quis se pronunciar.

“Eu não conversei com o presidente sobre isso e não sei do que se trata”, disse, na época, o advogado de Temer, Antonio Mariz.

Crítica

Michel Temer criticou, na última sexta-feira (1º), por meio de nota, o acordo de delação premiada de Funaro, que foi reenviado na quinta (31) ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na última quarta (30), o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF, devolveu à PGR (Procuradoria-Geral da República) o acordo de delação de Funaro para ajustes.

Em nota divulgada na noite de hoje pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, Temer critica Janot e questiona a veracidade das informações repassadas por Funaro à PGR e os prováveis benefícios que ele obterá com a delação.

“A suposta segunda delação do doleiro Lúcio Funaro, que estava sob sigilo na Procuradoria-Geral da República, mas tem vazado ilegalmente na imprensa nos últimos dias, apresenta inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes. Funaro acionou meses atrás a Justiça para cobrar valores devidos a ele pelo grupo empresarial do senhor Joesley Batista [sócio do grupo JBS], por alegados serviços prestados, negando que recebesse por silêncio ou para evitar delação premiada”, diz trecho da nota.

No documento, o presidente questiona ainda a suposta mudança de postura do procurador-geral da República em relação a Lúcio Funaro. “Agora, diante da vontade inexorável de perseguir o presidente da República, Funaro transmutou-se em personagem confiável. Do vinagre, fez-se vinho. Quem garante que, ao falar ao Ministério Público, instituição que já traiu uma vez, não o esteja fazendo novamente? Se era capaz de ameaçar a vida de alguém para escapar da Justiça, não poderia ele mentir para ter sua pena reduzida? Isso seria, diante de sua ficha corrida, até um crime menor”, afirma Temer na nota.

Segundo a nota, há um ano, a Ministério Público Federal considerava Funaro um criminoso, sem credibilidade e, agora, o doleiro passou a ter credibilidade. “Qual mágica teria feito essa pessoa, que traiu a confiança da Justiça e do Ministério Público, ganhar agora credibilidade?”.

De acordo com a nota, Temer “se resguarda o direito de não tratar de ficções e invenções” e nega que tenha atuado para obstruir investigações. O presidente criticou ainda o fato de o empresário Joesley Batista estar “refazendo” a delação premiada.

Temer está em viagem oficial à China, onde participa de encontro anual do Brics, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, China, África do Sul e Índia. (AG/Agência Brasil)

 

 

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