O papa Francisco está convocando os bispos de todas as conferências episcopais do mundo inteiro para uma cúpula em fevereiro para discutir a prevenção de abusos sexuais de clérigos e a proteção de menores.
Os conselheiros cardeais-chave de Francisco anunciaram a decisão na quarta-feira (12), depois que o mais recente capítulo do escândalo de encobrimento da Igreja Católica ao abuso sexual colocou o seu papado em crise.
Acredita-se que a reunião, que será realizada entre os dias 21 e 24 de fevereiro, seja a primeira desse tipo e sinaliza uma percepção nos níveis mais altos da Igreja de que o abuso sexual clerical é um problema global e não restrito ao mundo anglo-saxão, como muitos líderes da igreja insistem em dizer.
O papado de Francisco foi sacudido por acusações de ter reabilitado um cardeal americano das sanções impostas pelo papa Bento XVI por ter molestado e assediado seminaristas adultos.
Encontro com bispos americanos
O papa Francisco recebe nesta quinta-feira (13) os principais bispos americanos em meio ao escândalo sobre os abusos sexuais cometidos por membros do clero e depois das acusações contra o pontífice de ter protegido um cardeal americano.
A publicação, em meados de agosto, de um volumoso relatório sobre os abusos cometidos na Pensilvânia por membros do clero, junto com a renúncia em julho do cardeal americano Theodore McCarrick, abalaram a Igreja Católica americana e revelaram profundas divisões entre bispos, alguns dos quais criticaram abertamente o papa.
Repouso
Na semana passada, o papa defendeu o repouso aos domingos, que permite “fazer as pazes com a vida”, disse Francisco diante de milhares de fiéis reunidos na praça São Pedro do Vaticano. “A verdadeira paz não é mudar a própria história, e sim acolhê-la e valorizá-la”, declarou o pontífice. “O homem nunca descansou tanto como hoje e, no entanto, nunca sentiu tanto vazio como hoje.”
Francisco fez um apelo por uma distinção entre o verdadeiro repouso e o falso descanso em um mundo que estabelece a sociedade como “um grande parque de diversões”. “O conceito de vida que domina atualmente não se baseia na atividade, e sim na evasão. Esta mentalidade leva a uma vida anestesiada pela diversão, que não é repouso”, advertiu.
Francisco afirmou ainda que o divórcio é “uma coisa feia” e não representa o “ideal de família”. “É uma moda, lemos até nas revistas: tal pessoa se divorciou. Por favor, isso é uma coisa feia. Eu respeito tudo, mas o ideal não é o divórcio, a separação, a destruição da família. O ideal é a família unida”, declarou Francisco, acrescentando que a humanidade necessita do “amor duradouro” que “nos salva da solidão em meio às mentiras da cultura do momentâneo”.