Centenas de cartas e fotos contam a história de uma relação próxima, que durou mais de 30 anos, entre o papa João Paulo 2 e uma mulher casada. Os documentos revelam uma face pouco conhecida do pontífice, que morreu em 2005.
Embora não haja sugestão de que o papa tenha quebrado seu celibato, sua relação com a filósofa polonesa naturalizada americana Anna-Teresa Tymieniecka era intensa. Ele chegou a descrevê-la como um “presente de Deus”.
Em uma carta datada de 10 de setembro de 1976, ele declarou: “No ano passado já estava buscando uma resposta a essas palavras: ‘Eu pertenço a você’ e, finalmente, antes de partir da Polônia, encontrei uma maneira, um escapulário. A dimensão na qual aceito e sinto você em todo lugar, em todos os tipos de situações, quando você está perto e quando está distante”. O texto revela que o cardeal deu a Tymienkiecka um de seus objetos mais preciosos, demonstrando seu imenso carinho pela filósofa.
Especula-se que Anna-Teresa tenha revelado sentimentos fortes pelo papa, porque as cartas seguintes escritas pelo então cardeal Karol Wojtyla sugerem um homem lutando para definir em termos cristãos a amizade que mantinham.
Após tornar-se papa, João Paulo 2 escreveu: “Estou escrevendo após o evento, para que a correspondência entre nós continue. Prometo que me lembrarei de tudo nesse novo estágio da minha jornada”.
Para a Biblioteca Nacional da Polônia, essa não foi uma relação única. A instituição diz que foi apenas uma entre várias amizades próximas que o papa teve durante sua vida.
O cardeal Wojtyla tinha várias amigas, entre elas Wanda Poltawska, psiquiatra com quem trocou cartas por décadas. Mas suas mensagens a Anna-Teresa, às vezes, foram consideradas muito mais intensas, e em alguns pontos parecem lutar com o sentido da relação que mantinham.
João Paulo 2 foi diagnosticado com mal de Parkinson no começo dos anos 1990, e passou a ficar cada vez mais isolado no Vaticano. Anna-Teresa visitava com frequência, e mandava flores e fotos de sua casa em Pomfret (Estados Unidos).