Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de outubro de 2024
Apesar da implementação de mecanismos jurídicos e políticas públicas para a proteção das mulheres, como a Lei Maria da Penha, os índices de violência contra o gênero feminino, como agressões físicas, psicológicas, verbais, patrimonial e sexual continuam crescendo de forma alarmante. Por exemplo, o feminicídio – homicídios de mulheres nas residências – aumentou 10,6% entre 2009 e 2019 e 76% das mulheres trabalhadoras relatam já ter sofrido violência e assédio no ambiente de trabalho.
Existem algumas possíveis explicações para esse fenômeno, como casos em que homens acreditam na impunidade da lei ou por total despreocupação com as consequências. Contudo, alguns estudiosos acreditam que a perpetuação da cultura de violência no Brasil e o machismo estrutural possam ser responsáveis pela continuidade dos casos de violência e assassinato de mulheres.
Falas, atitudes, comportamentos, atuação da mídia, momento político e status social fazem parte da construção da cultura de violência. Para ficar melhor exemplificado como isto impacta nossa sociedade, quantas vezes já ouvimos aquele discurso social “em discussão de marido e mulher, ninguém mete a colher” ou que “homem não consegue se controlar”? Na prática, é como se houvesse uma permissão velada para que os homens fossem violentos com as mulheres.
Nesse sentido, um estudo nacional observou uma relação entre a forma de criação dos homens e a proximidade com a violência conjugal: a taxa de homens que assumiram ter batido numa mulher chega a 15% entre os que apanharam com frequência quando crianças. Esse estudo comprova algo que já é de conhecimento popular: pessoas que foram criadas em ambientes violentos tendem a reproduzir esses comportamentos quando adultos.
Qual é o lugar do homem na luta contra à violência de gênero?
Essa é uma pergunta com algumas respostas, uma delas vai ao encontro com a desestruturação da cultura de violência e do patriarcado em nossa sociedade. As questões de masculinidades, diferente do feminismo, ainda são consideradas tabu na sociedade, mas para que os homens somem na luta contra a violência de gênero precisamos ir além.
Os homens devem reconhecer as atitudes e os comportamentos do sistema patriarcal e machista, marcado pelas subordinação e imposição física como condição de relação. Refletir sobre este sistema e parar de reproduzi-lo no seu dia-a-dia. Esta é uma discussão muito mais profunda, mas não podemos ignorá-la.
Indo além, os homens devem se posicionar quando presenciar casos de agressão física a uma mulher, assédio e outros tipos de violência. É importante que o agressor saiba que sua atitude não é aceitável. Sempre se posicione a favor da vítima. O mesmo serve para piadas machistas em círculo de amigos ou em casos considerados como brincadeiras, principalmente no ambiente de trabalho.
Ao longo de 15 anos de trabalho, o Fundo Brasil já apoiou dezenas de projetos com foco principal na defesa dos Direitos das Mulheres. Foi com o objetivo de enfrentar a violência doméstica e criar estratégias contra a violência de gênero que a Cooperativa Interdisciplinar de Capacitação e Assessoria – Casa Lilás foi contemplada com a linha de apoio do Fundo Brasil. Apoiar o Fundo Brasil é apoiar as mulheres na sua luta por autonomia e direitos.