Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de novembro de 2024
O esquema, batizado de “Punhal Verde e Amarelo” , detalha o uso de tropas, veículos e armamentos.
Foto: ReproduçãoO plano de integrantes das Forças Especiais do Exército para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi classificado por investigadores da Polícia Federal (PF) como um “verdadeiro planejamento com características terroristas”.
O esquema, batizado de “Punhal Verde e Amarelo” , detalha o uso de tropas, veículos e armamentos que seriam empregados para executar as ações, a rotina de Moraes em Brasília, o que incluía itinerários e horários, e possíveis “danos colaterais” que resultariam da ação — segundo o documento, “passíveis e aceitáveis”.
As informações constam em relatório da PF, que foi base para a operação deflagrada na terça (19), na qual foram presos quatro militares e um policial federal envolvidos na formulação do plano. O esquema previa o uso de um arsenal bélico com granadas, metralhadoras e pistolas de uso militar no dia 15 de dezembro de 2022, data prevista para a execução do plano, que acabou abortado.
De acordo com a investigação da PF, o documento de três páginas com o planejamento da ação foi impresso dentro do Palácio do Planalto em 6 de dezembro de 2022, durante a gestão Bolsonaro, pelo general da reserva Mário Fernandes, então número dois da Secretaria-Geral da Presidência e um dos presos na operação. Os registros do Planalto obtidos pela PF revelaram que a impressão foi feita pelo usuário “mariof”, que seria Mário Fernandes, no gabinete da Secretaria-Geral.
O documento, que descreve “um planejamento de sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de Moraes”, foi encontrado em mensagens recuperadas do celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e que negociou um acordo de delação premiada para esclarecer a trama golpista.
Na primeira página do arquivo, os golpistas listam diligências para identificar o aparato de segurança pessoal do ministro, “compreendendo os equipamentos de segurança, armamentos, veículos blindados, os itinerários e horários”.
Depois, são detalhadas informações, segundo a PF, sobre os seguranças de Moraes e o poder de fogo que eles detinham. A investigação aponta que fica claro, já nessa página, que o grupo estava disposto a executar Moraes, seus seguranças e contavam até com a morte dos próprios membros do plano golpista para cumprir a missão — o que eles classificaram como “danos colaterais passíveis e aceitáveis”.
O segundo tópico do documento lista medidas práticas que deveriam ser tomadas pelo grupo para executar o plano. Ele se referem a armamentos “individuais e coletivos” que deveriam ser usados na ação militar, munições não rastreáveis e o uso de seis telefones celulares “descartáveis”. Além de pistolas, metralhadora e 12 granadas, o plano previa o uso lança-rojão. Segundo a PF, a lista descreve “armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate”.
Na terceira e última página do plano Punhal Verde e Amarelo, os militares golpistas afirmam que a execução do plano era “viável”, mas “com significativas restrições para uma execução imediata”. Eles alertam para a importância de se escolher o melhor método para a execução de crime, se por tiro ou envenenamento.
“Ainda são necessárias avaliações quanto aos locais viáveis, condições para execução (tiro a curta, média ou longa distância, emprego de munição e/ou artefato explosivo), possibilidades de reforço (Polícia Federal) e proteção do alvo, bem com a intervenção de outras Forças de Segurança”, ressalta o documento.
O grupo não descarta usar “elemento químico e/ou biológico, o envenenamento do alvo, preferencialmente durante um Evento Oficial Público”, diz o texto.
A menção aos assassinatos de Lula, Alckmin e de um aliado não identificado, a quem eles dão os apelidos de Jeca, Joca e Juca, respectivamente, diz a PF, é feita no trecho final do documento. O texto diz que matar Lula “abalaria toda a chapa vencedora” e a colocaria “sob a tutela principal do PSDB”, sigla da qual Alckmin fez parte até se filiar ao PSB para disputar as eleições.