Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de março de 2019
O polêmico post do presidente Jair Bolsonaro, que na terça-feira publicou em seu perfil no Twitter um vídeo com uma situação obscena gravada durante o carnaval, está repercutindo na imprensa internacional. De acordo com o chefe do Executivo, a publicação da cena (um homem dançando com o dedo no ânus durante uma festa na rua) foi feita com o intuito de “expor a verdade à população” sobre o que estaria se tornando a folia no País.
O jornal norte-americano “The New York Times”, logo na abertura da matéria, adverte sobre o texto: “Faremos todos os esforços para mantê-lo digno. O artigo que você está prestes a ler é sobre um vídeo com conteúdo sexual, o presidente da quarta maior democracia do mundo e as guerras culturais que agitam o Brasil”.
Já o britânico “Daily Mirror” enfatizou que o material é impróprio para menores de idade e “muito obsceno”, enquanto o “The Independent” destacou a pergunta que Bolsonaro postou nesta quarta-feira, sobre o significado de ” golden shower” (expressão que faz referência a uma prática na qual uma pessoa urina no parceiro sexual) estava entre os assuntos mais comentados do Twitter ao longo dessa quarta-feira.
O também britânico “The Guardian” disse que o presidente foi “ridicularizado” após a publicação. Segundo o jornal, Bolsonaro “provocou indignação, nojo e ridicularização depois de tuitar um vídeo pornográfico em uma aparente tentativa de revidar as críticas ao seu governo durante o carnaval deste ano”.
Na internet, o portal de notícias norte-americano “Insider” também abordou o assunto. Título: “O presidente do Brasil declarou guerra ao carnaval”. O site também mencionou manifestações contra o governo, por parte de diversos foliões, em blocos de rua nos últimos dias.
Já a agência de notícias “Reuters” noticiou que “Bolsonaro provocou choque e indignação” com a atitude na rede social. O veículo ressaltou, ainda, que o presidente causou ainda mais polêmica ao publicar hoje pela manhã a pergunta “O que é golden shower?”, que também aparece no vídeo.
Conteúdo
O presidente usou as imagens para criticar blocos de rua, sugerindo ser algo habitual se despir e tocar as partes íntimas em público ou urinar na cabeça de outra pessoa, conforme ocorre no vídeo gravado no desfile do Blocu, em São Paulo, na última segunda-feira.
“Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conclusões”, escreveu Bolsonaro.
Reação
O Twitter incluiu um alerta de “conteúdo sensível” no post, devido ao seu caráter pornográfico, para que o internauta concorde em acessá-lo. Os vídeos postados na rede social podem ser vistos automaticamente, dependendo do que retratam .
“Nós não podemos te mostrar tudo!”, diz o aviso do Twitter. “Ocultamos automaticamente vídeos com possível conteúdo sensível ou impróprio”.
Procurado, o Twitter informou que “tem regras que determinam os conteúdos e comportamentos permitidos na plataforma, e eventuais violações estão sujeitas às medidas cabíveis”.
O vídeo já registrou cerca de 2 milhões de visualizações, despertou a atenção de anônimos e famosos e causou polêmica na rede social . As hashtags mais usadas no Twitter são #ImpeachtmentBolsonaro, #BolsonaroTemRazão e #goldenshowerpresident.
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, saiu em defesa de Bolsonaro e de suas publicações. Ele comparou a postura de Bolsonaro à do presidente norte-americano Theodore Roosevelt (1901-1909).
“Roosevelt dizia que a Presidência da República é um ‘bully pulpit’, posição pública que permite falar com clareza e com força sobre qualquer problema. Foi o que o presidente Bolsonaro fez ao expor o estado de degeneração que tomou nossas ruas nos últimos dias”, escreveu Martins.