Depois de subir 8% em novembro e contribuir para colocar a inflação brasileira no maior patamar em quatro anos, os preços da carne bovina recuaram nesta primeira semana de dezembro, de acordo com o Ministério da Agricultura. Em nota, a pasta informou que, nos principais Estados produtores, a queda foi de cerca de 9% durante o período.
Em Mato Grosso, a arroba do boi passou de R$ 216 na última segunda-feira (2) para R$ 197 na quinta-feira (5). Na Bahia, caiu de R$ 225 para R$ 207. Em Mato Grosso do Sul, de R$ 220 para R$ 200.
“Os resultados mostram a tendência iniciada na última semana do mês passado”, disse a titular da pasta, Tereza Cristina. “O preço daqui para frente deve se estabilizar.” Ainda segundo ela, o preço da proteína está se ajustando pelo movimento de oferta e procura no mercado e que não cabe ao governo federal interferir.
De acordo com o Palácio do Planalto, a alta recente no preço do produto foi motiva por diversos fatores, como a seca que prejudicou o crescimento do pasto e afetou a engorda de bovinos, a falta de investimentos por causa dos preços estáveis nos últimos anos, e, principalmente, o aumento da demanda da China.
CNA
Nesta semana, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) avaliou que a máxima histórica do preço da carne bovina registrada no final de novembro é “ponto fora da curva”, resultado de uma confluência de fatores que vai além da explosão de demanda da China.
A avaliação foi feita Bruno Lucchi, superintendente técnico da entidade. Em 29 novembro, o preço da arroba do boi gordo atingiu a máxima histórica de R$ 231,35, o que representou alta acumulada de 35,5% no mês. Na terça-feira (3), a cotação diária teve recuo de 3,67%, chegando a R$ 219,45 a arroba, conforme o indicador Esalq/B3.
Ainda conforme Lucchi, o aumento das exportações para a China – que assistiu a uma drástica redução do seu rebanho suíno em razão da peste africana – não foi a única razão para a elevação dos preços da proteína bovina no Brasil. Também contribuíram, disse o representante da entidade, uma oferta reprimida registrada em 2019 e a gradual recuperação da demanda dos consumidores nacionais nos últimos meses.
“A questão da oferta e demanda já vai se equilibrar. O que aconteceu nesse período foram realmente vários fatores pontuais que pegaram os seus extremos, o que culminou num ponto realmente fora da curva”, afirmou o superintendente.
Apesar da avaliação de que haverá um reequilíbrio da oferta e da demanda, o presidente da CNA, João Martins, disse que os preços da carne bovina não voltarão aos patamares de 60 dias atrás, pois os valores eram reprimidos: “Estávamos no pico da baixa da entressafra, com o menor preço dos últimos anos. Já esperávamos que algo acontecesse, se não houvesse essa demanda muito grande lá fora e se não houvesse essa desvalorização cambial”.
“Outra coisa: não é só a China que está comprando carne. Tem China, Vietnã, Estados Unidos [carne processada]. Há demanda do mundo inteiro. Os preços já estão se acomodando”, concluiu.