Durante evento de entrega de ambulâncias na cidade paulista de Sorocaba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que o Brasil enfrenta uma “crise tremenda” devido à alta dos preços dos alimentos. Ele prometeu, porém, que a carne ficará mais barata e o brasileiro poderá “comer picanha de novo”, conforme prometido durante a campanha eleitoral que o levou ao terceiro mandato no comando do País.
A fala se deu na sexta-feira (14), mesmo dia de entrada em vigor da medida que zerou o imposto sobre a importação da carne bovina e de outros alimentos. Ele ressaltou:
“Podem ter certeza de que a carne vai baixar e vocês vão voltar a comer picanha outra vez. O País tem o menor nível de desemprego de sua história e a massa salarial está em alta. A economia também cresce e temos a certeza de que continuará assim. Estamos agora com um problema de alimento, vocês sabem, o ovo está caro e ainda não encontrei explicação para isso. Alguém está ‘passando a mão’, e queremos saber quem é”.
Lula também disse que seu governo enviará ao Congresso Nacional nesta terça-feira (18) o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
Palanque
O presidente visitou a sede de uma empresa especializada na adaptação de veículos para anunciar a entrega de 789 ambulâncias para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Conforme o Palácio do Planalto, a iniciativa contemplará 559 municípios de 21 Estados, com investimento de R$ 243,5 milhões por meio do Novo PAC [Plano de Aceleração do Crescimento]. São 703 ambulâncias, além de 86 unidades de suporte avançado (essas a serem distribuídas a 72 municípios de 17 Estados).
O evento contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, do ministro Alexandre Padilha (Saúde) e do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos). Conhecido como “prefeito do tiktok” (em referência à rede social, na qual ele ostenta 2,5 milhões de seguidores), ele é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Manga, que decidiu de última hora comparecer à cerimônia do governo federal, discursou elevando o tom de voz para competir com o ruído das vaias dos apoiadores do presidente. Ele garantiu:
“Lula é muito bem-vindo em nossa cidade e este é um momento de alegria muito grande. Eu fiz um pedido ao senhor [Lula] para visitá-lo no seu gabinete em Brasília, a fim de tratarmos do pacto federativo, e fui prontamente atendido. Independente de religião, que Deus nos abençoe”.
Padilha fez um agradecimento à sua antecessora no cargo, Nísia Trindade, que segundo ele “reconstruiu” o Ministério da Saúde. O ministro prometeu entregar mais ambulâncias ainda no mês de março e disse que o atual governo chegará a 1.300 novos veículos disponíveis no Samu.
Ainda antes de o evento começar, apoiadores de Lula entoavam gritos como “Sem anistia” (aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado), “Bolsonaro na cadeia” e “Ei, Xandão, Bolsonaro é na prisão”, cobrando a condenação do ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula teve experiências distintas em recentes encontros públicos com políticos de oposição, nas últimas semanas. Com o governador paulista Tarcísio de Freitas, prevaleceu um tom de respeito mútuo. Já um evento com o chefe do Executivo de Minas Gerais, Romeu Zema (Partido Novo), foi marcado por troca de farpas no palanque.
Ainda na sexta-feira, Lula foi à cidade de São Paulo para a festa antecipada de aniversário da ex-prefeita e ex-ministra Marta Suplicy (PT). Ela completará 80 anos nesta terça (18).
O presidente tem reforçado sua agenda de viagens pelo País, após seguidas pesquisas de opinião pública alertarem para queda na avaliação positiva do governo. A estratégia é endossada pelo ministro da Comunicação, Sidônio Palmeira. (com informações de O Globo)