O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou nesta segunda-feira (1º) as relações comerciais dos EUA com o Brasil. Durante entrevista coletiva na Casa Branca, para falar sobre o acordo comercial entre EUA, Canadá e México, ele sugeriu que o Brasil trata as companhias norte-americanas injustamente.
Questionado por um jornalista sobre as relações comerciais do país com a Índia, Trump afirmou que o país asiático cobra “tarifas tremendas”, e que presidentes anteriores “nunca falaram com a Índia”.
“O Brasil é outro caso. É uma beleza. Eles cobram de nós o que querem. Se você perguntar a algumas empresas, eles dizem que o Brasil está entre os mais duros do mundo, talvez o mais duro. E nós não os chamamos e dizemos ‘ei, vocês estão tratando nossas empresas injustamente, tratando nosso país injustamente”, afirmou.
Histórico
O presidente Trump considerou “maravilhoso” e “histórico” o novo acordo comercial firmado com os governos de Canadá e México, após mais de um ano de difíceis negociações e críticas constantes aos dois países vizinhos.
“Ontem (domingo) à noite, na nossa data limite, chegamos a um maravilhoso novo acordo comercial com o Canadá, que será acrescentado ao pacto já firmado com o México. O novo nome será Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês)”, afirmou o governante americano em mensagem no Twitter.
Na opinião de Trump, o novo acordo “resolve muitas das deficiências e erros do Nafta, abre em grande parte os mercados para os fazendeiros e manufatureiros, reduz barreiras comerciais para os EUA e levará os três grandes países juntos para competir com o resto do mundo”.
“O USMCA é uma negociação histórica”, acrescentou o presidente americano ao se referir ao novo nome que substitui o Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte), como se chamava até então.
Em pronunciamento na Casa Branca, Trump afirmou que o tratado é o mais “moderno, atual e balanceado acordo comercial já assinado”. O presidente dos EUA criticou o Nafta, perguntando “como alguém pode ter assinado um acordo assim?”.
O Nafta, que vigora desde 1994 entre os três países, com um US$ 1 trilhão anuais em intercâmbios comerciais, foi submetido a um processo de renovação durante meses após a chegada de Donald Trump ao poder. No fim de agosto, EUA e México chegaram a um acordo bilateral preliminar, ainda sem o Canadá.
Trump afirmou que o acordo é “incrível” para os três países, e vai governar quase US$ 1,3 trilhão em comércio. “É um acordo realmente extraordinário para os EUA, Canadá e México”, afirmou. Falando sobre os parceiros comerciais, no entanto, Trump afirmou que o presidente do México, Enrique Peña Nieto, “pode ou não gostar de mim, eu não sei”.
O presidente dos EUA criticou várias vezes o tratamento recebido pelo país nas relações comerciais, afirmando ter sido tratado “injustamente” por muitos países. “É um privilégio para eles fazer negócios conosco. E não estou falando do México, estou falando de todos. É um privilégio para a China, para a União Europeia, que nos tratou tão mal”.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, foi bem mais comedido ao comentar o acordo. Em nota, ele afirmou que o acordo vai aproximar os países, criar empregos e fazer crescer a classe média, aumentar a competitividade da América do Norte, e oferecer estabilidade, previsibilidade e prosperidade à região. “Os líderes concordaram em se manter em contato para avançar o acordo”, diz o texto.