Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de maio de 2018
Em uma entrevista concedida a jornalistas na Residência de Olivos no fim da tarde dessa quarta-feira, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou que a “turbulência” que o país viveu nos últimos dias está “superada” e fez uma autocrítica. “Eu me desculpo pelo meu temperamento, sempre otimista, ter colocado metas muito ambiciosas”, declarou. “Muitos se irritaram com isso.”
Diante das várias perguntas que recebeu dos repórteres sobre o porquê da decisão de recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional), o chefe do Executivo argumentou: “Estamos gastando mais do que temos e isso é uma carga que nos gera vulnerabilidade. Infelizmente, ainda dependemos que o mundo nos empreste dinheiro. A velocidade da redução do déficit não é suficiente. É um problema que carregamos há 70 anos. Já passou da hora de resolvermos essa questão”.
Macri afirmou, ainda, que entendia que o “medo e o nervosismo” tenham sido transferidos à população, mas garantiu que a estabilização do dólar e a segurança que a linha de crédito do FMI ajudarão a Argentina a manter o caminho que sua equipe crê ser o correto.
Balanço
Ele também fez um balanço improvisado de suas atividades mais recentes. Nos últimos dias, ele que se reuniu com senadores e governadores para explicar as medidas, e, para estes últimos, pediu que fizessem um esforço de conter os gastos sociais.
“Eu reconheço o esforço dos argentinos nos últimos dois anos e quatro meses”, afirmou. “No entanto, continuamos tendo o mesmo problema de fundo e precisamos reverte-lo. Temos que nos livrar dessa pesada mochila.”
Macri negou que ir ao FMI tenha sido uma medida exagerada. “Trata-se de uma ferramenta que está por fora dos mercados, com esse acordo vamos melhorar o futuro dos argentinos”, justificou. Ele garantiu que o acordo, que será negociado nas próximas semanas “será um bom acordo”.
Em seguida, acrescentou: “Podemos ir ao Fundo porque não temos nada que esconder. Em meu governo não guardamos dinheiro sujo em conventos”. O comentário foi uma ironia direta ao governo da então presidente Cristina Kirchner (sua sucessora), acusado de guardar em um monastério diversas bolsas de dinheiro desviado dos cofres públicos.
Dólar
Nas últimas semanas, o peso argentino registrou forte desvalorização em relação ao dólar – na terça-feira, a moeda norte-americana fechou cotada em 24,50 pesos, com uma leve melhoria, o que levou o governo a elevar as taxas de juros a 40% para depois pedir ajuda financeira ao FMI.
Com relação à inflação, nesta terça-feira foi anunciado que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na Argentina subiu 2,7% em abril, em relação ao mês anterior, acumulando um aumento de 9,6% neste ano, segundo dados do Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos).
Na opinião de Macri, a Argentina já incorporou “as doutrinas da nossa história” em matéria de crises econômicas, como a sofrida nos anos 90 que conduziu ao famigerado “corralito” de 2001. “Estamos preparados para preveni-las”, garantiu, ao mesmo tempo em que destacou que a “grande crise” foi evitada quando chegou ao governo, “após décadas de irresponsabilidade”.