“O Brasil recebe menos turistas por ano do que o elevador da Torre Eiffel [na França].” A triste sentença é do presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), o médico-veterinário Gilson Machado Neto, 51.
Segundo ele, 6 milhões de estrangeiros vêm ao país anualmente, e o elevador da torre mais famosa de Paris recebe 7 milhões de visitantes.
Para Machado Neto, no entanto, ainda há muitos motivos para comemorar. Ele acredita, por exemplo, que o Brasil deveria liberar os cassinos.
Na quarta-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória que transformou a Embratur em uma agência federal e aumentou a sua capacidade orçamentária.
1) Quais os projetos do turismo para aquecer a economia?
Hoje a gente vê o governo fazendo várias medidas que vão ficar na história. Fui coordenador nacional do grupo temático do turismo, e uma das ideias o presidente já está colocando em prática, que é liberação dos vistos.
Nosso objetivo é a geração de emprego e renda. O governo também está fazendo liberação de capital estrangeiro nas companhias aéreas.
Outra coisa muito importante é a redução expressiva dos índices de segurança. Diminuíram em 25% os crimes em cases turísticos do Brasil como Jericoacoara, Lençóis Maranhenses, Porto de Galinhas, Pantanal, Cataratas do Iguaçu e Brasília. O índice de violência ao turista na orla de Copacabana é o mesmo de cases internacionais como a França. Nos destinos turísticos, a redução da violência já passa dos 80%. Eu mesmo fui assaltado em Miami há dois anos.
2) Qual a opinião do senhor sobre a liberação de jogos de azar?
Estamos estudando com o Ministério do Turismo, com parlamentares da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo, como os deputados Herculano Passos (MDB-SP), e Marx Beltrão (PSL-AL) e Newton Cardoso Jr (MDB-MG), que é o presidente da comissão de turismo da Câmara, um meio para que o Brasil se adeque a um modelos de desenvolvimento de clusters turísticos.
3) O que são clusters?
São hotéis e resorts integrados com centros de convenções, lojas, arenas de shows e cassinos. O hotel The Venetian Las Vegas, por exemplo, tem 7.200 leitos, mas emprega 11.400 pessoas diretamente. Durante a semana em que eu estive lá, rodaram em uma feira mais de 120 mil pessoas. Outra coisa, um cluster tem arena de show e cerca de 200 lojas.
4) O projeto prevê um local específico para essa liberação, como é em Las Vegas?
Quem tem que escolher é o empresário. Mas tem que ser um projeto feito em conjunto com Congresso, Polícia Federal, Receita Federal e as igrejas eclesiásticas e evangélicas. Sabia que existe cluster com igreja que faz até casamento?
5) Qual o modelo que o senhor defende?
Gosto do que foi feito nos governos de Singapura e Macau. Lá, um hotel com 3.000 leitos, centro de convenções para 50 mil pessoas por semana e arena de shows pode ter um cassino. Não existe um local específico, pode ser no Brasil inteiro.
Grupos americanos já disseram que, se o Brasil liberar os cassinos, terão mais de US$ 15 bilhões [R$ 63 bilhões]para investir aqui. Isso foi dito numa reunião pelo presidente de uma das maiores redes do mundo. Existem poucos locais para cassino no mundo. O Brasil atrairá o turista que gasta.