Quarta-feira, 08 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2017
O presidente da França, Emmanuel Macron, não poderia ter pedido um presente melhor para seu aniversário de 40 anos, completados na última quinta-feira. Após sofrer uma queda de popularidade nos primeiros meses de seu governo, o chefe de Estado mais jovem da história do país europeu está em alta nas pesquisas de opinião.
Uma enquete publicada nessa terça-feira indica que 54% dos franceses considera que o líder centrista é “um bom presidente”. Um salto de nove pontos em apenas um mês, “inédito” de acordo com a consultora, que o descreve como o “primeiro presidente a recuperar sua popularidade depois de ter afundado nas pesquisas”.
“Macron recuperou a confiança [dos franceses], algo que nunca tínhamos visto antes”. Em geral, “a aprovação dos líderes cai e não volta a se levantar”, ressaltou o cientista político Pascal Perrineau.
O início da presidência de Macron, cuja chegada ao poder em maio com um movimento de apenas um ano de existência revolucionou a política francesa, esbarrou com o ceticismo de uma parte dos franceses. Mas, desde então, conseguiu implementar uma primeira série de reformas liberais com pouca resistência e consolidou sua reputação internacional.
Em âmbito nacional, “os franceses admitem que ele tem cumprido suas promessas, que faz o que disse que faria durante a campanha”, avalia Chloé Morin, especialista em opinião pública na Fundação Jean Jaurès.
Já em nível internacional, o jovem presidente está envolvido ativamente na batalha contra as mudanças climáticas, na integração europeia e na crise no Oriente Médio, ocupando o vácuo deixado pelo presidente norte-americano Donald Trump ou a chanceler alemã Angela Merkel, enfraquecida em seu país. “Os franceses estão voltando a amar a França, que voltou ao primeiro plano da política internacional”, diz Perrineau.
Quanto à sua relativa pouca idade, Macron transformou esse elemento “em um recurso”, enfatizando o lado positivo de sua juventude, explica o professor Julien Longhi, especialista em linguagem, que nota o uso recorrente de palavras como “inovação, dinamismo ou renovação” nos discursos do presidente.
Jovens líderes
Emmanuel Macron faz parte de um movimento mundial que levou ao poder líderes jovens como Matteo Renzi na Itália, Justin Trudeau no Canadá ou, mais recentemente, Sebastian Kurz na Áustria. E, como disse recentemente à revista Time, quer “ser um líder desta nova geração de líderes”.
A sua idade também serve para se dirigir aos jovens com uma franqueza sem precedentes entre os presidentes franceses, quase como se fosse um deles. Para o sociólogo Rémy Oudghiri, este líder que posa com dois telefones em sua foto oficial e trabalha como se estivesse em uma ‘start-up’ tem todas as características de um “millenial”, as pessoas nascidas entre 1980 e 2000.
Ao mesmo tempo, Macron também usa “uma linguagem polida e até antiga que uma pessoa mais velha poderia usar”. Ele se mostra como alguém jovem, mas maduro “para não ser” rotulado como pessoa inexperiente, aponta Julien Longhi, segundo quem sua esposa, Brigitte, 24 anos mais velha, “contribui para nutrir essa impressão de maturidade”.
Mas apesar de tudo, Macron não conseguiu se livrar do rótulo de “presidente dos ricos” brandido por seus oponentes. E a celebração de seu aniversário no último fim de semana no castelo de Chambord não ajudou a acalmar as críticas.
Ele também deve encarar pela frente outros desafios, com uma série de reformas planejadas para o próximo ano, incluindo mudanças sensíveis sobre o auxílio desemprego, que poderia levar milhares de grevistas para as ruas.