Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de julho de 2017
O presidente francês Emmanuel Macron, que recebe seu colega norte-americano Donald Trump, afirmou estar surpreso que esta visita desperte tantas críticas e debates.
“Convidei o presidente Trump e me surpreende que isso desperte tantos debates e críticas”, assinalou Macron em coletiva de imprensa, recordando que esta visita acontece para marcar o centenário da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial.
“Não devemos esquecer que nossa História nos supera. E as peripécias de nossas personalidades ou temperamentos, os momentos que vivemos, não devem nos fazer esquecer disso”, afirmou.
“Tenho um desacordo grande com o presidente Trump, todos sabem. (…) É sobre o clima. E isso foi dito a ele cara a cara e em reuniões de trabalho”, assinalou, referindo-se à decisão dos Estados Unidos de abandonar o acordo do clima de Paris.
Convidado controverso
A segurança foi reforçada na capital francesa para cumprir a agenda intensa de Trump. A visita do presidente americano divide opiniões na França. Alguns deputados dizem que Trump não representa os valores da Revolução Francesa e a queda da Bastilha, comemorados no 14 de julho, segundo a France Presse. Com o convite, Macron, um centrista pró-europeu de 39 anos que assumiu a presidência francesa há apenas dois meses, espera iniciar uma relação privilegiada com o imprevisível presidente americano.
Desacordos ambientais
Em entrevista coletiva com Trump, o mandatário francês afirmou nesta quinta-feira que os dois vão continuar discutindo o Acordo de Paris, apesar das diferenças de postura de ambos os países.
“Respeito a decisão do presidente Trump. Desta forma, ele irá refletir e trabalhar de forma conveniente e que corresponde aos seus compromissos de campanha. Da minha parte, eu continuo comprometido com o Acordo de Paris”, declarou o presidente francês em coletiva de imprensa no Palácio do Eliseu.
Em junho, o líder americano anunciou a saída dos EUA do acordo, que trata de mudanças climáticas, afirmando que o texto era desvantajoso para os americanos. Em relação ao comentário de Macron, Trump foi evasivo, e disse apenas que “algo poderá acontecer” a respeito do Acordo de Paris.
Síria e Iraque
A coletiva acontece após conversas entre os dois líderes no Palácio do Eliseu. Durante a entrevista, Macron também afirmou que ele e Trump vão estudar uma estratégia para a a Síria e para o Iraque. “Sobre a situação Iraque-Síria, nós concordamos em continuar trabalhando juntos, particularmente na construção de um roteiro para o período pós-guerra”, disse.
“Pedimos aos nossos diplomatas que trabalhem nessa direção, então nas próximas semanas uma iniciativa concreta poderá ser indicada pelo P5”, afirmou Macron, se referindo aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, grupo do qual os EUA e a França fazem parte.
Crise nos EUA
A visita a Paris contribuirá para que o magnata republicano de 71 anos esqueça, ao menos por algumas horas, de seus problemas em Washington. O filho mais velho de Trump é acusado de ter contatos com pessoas supostamente ligadas ao governo russo durante a campanha eleitoral de 2016.
Na quarta-feira, o canal americano CNN divulgou um vídeo que mostra Donald Trump em um jantar há quatro anos com figuras-chave do caso sobre a suposta ingerência da Rússia nas eleições. A possível influência da Rússia no processo eleitoral americano é investigado.