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O presidente da Venezuela dá 72 horas para a embaixadora da União Europeia deixar o país

Portaria de Bolsonaro impede o ingresso de altos funcionários do governo venezuelano no Brasil. (Foto: Reprodução/Twitter)

O presidente do governo chavista, Nicolás Maduro, ordenou na segunda-feira (29) que a embaixadora da UE (União Europeia) na Venezuela, Isabel Brilhante Pedrosa, deixasse o país em até 72 horas. Segundo o próprio Maduro, a decisão foi tomada após o bloco europeu determinar sanções a aliados do regime, inclusive o deputado Luis Parra, chefe do parlamento paralelo venezuelano estabelecido pelo governo chavista. “Quem são eles para aplicar sanções? Quem são para se impor com ameaça?”, questionou Maduro, em discurso.

A UE chamou nesta terça-feira (3) o governo de Nicolás Maduro a reconsiderar a decisão de expulsar sua embaixadora em Caracas, Isabel Brilhante Pedrosa, e alertou para o “isolamento internacional” que ocorrerá caso a decisão seja concretizada.

“A UE condena firmemente esta decisão e lamenta profundamente o isolamento internacional que irá se formar. Pedimos que a decisão seja revogada”, disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em nome da UE.

Mais cedo, Borrell já havia condenado o ultimato de 72 horas de Maduro para que a embaixadora da UE em Caracas deixasse o país e anunciou que responderia com “reciprocidade”.

Até às 14h de Brasília, a diplomacia europeia não havia convocado a embaixadora venezuelana em Bruxelas, indicaram fontes conhecidas à AFP. “A reunião não será hoje [terça-feira]”, segundo fontes europeias.

“Mas a UE não pode expulsar fisicamente um embaixador de um território, pois é uma competência do país anfitrião”, disse Battu, especialmente quando a embaixadora da Venezuela na UE, Claudia Salerno, também representa o país na Bélgica e em Luxemburgo.

Os europeus poderiam, assim, declará-la “persona non grata” sob a Convenção de Viena, acrescentou a porta-voz da comunidade, especificando que Bruxelas e os países europeus estão falando sobre as medidas a serem adotadas.

Com a expulsão de Brilhante Pedrosa, o governo venezuelano respondeu às novas sanções europeias contra 11 venezuelanos, incluindo o deputado Luis Parra e vários funcionários por ações contra a oposição liderada por Juan Guaidó.

Embora a UE na condição de bloco não reconheça Guaidó como presidente interino da Venezuela, a exemplo de cinquenta países como Estados Unidos e a maioria dos países europeus, as novas sanções são vistas como um sinal de apoio ao opositor.

“Quem são eles para tentar se impor com ameaça? Quem são? Basta! (…) Se eles não nos querem, devem partir”, disse Maduro em um ato no palácio presidencial de Miraflores na segunda-feira, em resposta às medidas europeias.

Os ministérios das Relações Exteriores da Colômbia, Bolívia e Paraguai rejeitaram a expulsão da embaixadora europeia em Caracas. Bogotá e Assunção até pediram à comunidade internacional que acabasse com a “tirania” de Maduro.

Uma fonte do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE) explicou à AFP que o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, convocou Brilhante Pedrosa para comunicar a decisão e que os europeus estão trabalhando para tirar a diplomata do país.

Os 27 países membros da UE, que adotam medidas por unanimidade, sempre defenderam sua abordagem de não sancionar setores econômicos, como os Estados Unidos fazem, para não piorar a crise humanitária.

Além disso, apesar da pressão de Washington e da oposição venezuelana, evitam sancionar Maduro para não fechar os canais de diálogo com Caracas, com o objetivo de promover uma solução negociada para a crise política por meio de eleições.

“Todas as medidas que ameaçam o trabalho diplomático (…) só contribuirão para uma escalada da situação”, alertou Battu.

As novas sanções da UE elevam o número de venezuelanos banidos do bloco para 36 e congela seus ativos por prejudicar a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos neste país em plena crise política.

A Venezuela se tornou em 2017 o primeiro país latino-americano sancionado pela UE, que também impôs um embargo de armas. Paralelamente, o bloco busca aliviar a crise humanitária no país e a crise de refugiados na região. As informações são da agência de notícias AFP.

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