O presidente do Paris Saint-Germain, Nasser Al-Khelaifi, prestou depoimento como testemunha em uma investigação da Justiça francesa sobre irregularidades na escolha das sedes dos Jogos Olímpicos de 2016 e 2020 e de edições do Campeonato Mundial de Atletismo.
De acordo com informações divulgadas na sexta-feira (22) pela emissora de televisão francesa Mediapart, o dirigente catariano depôs ao juiz Renaud Van Ruymbeke, especializado em casos de crimes financeiros, como “testemunha assistida”, estatuto que ficaria entre uma simples testemunha e um acusado.
Al-Khelaifi foi convocado pelo envolvimento com a QSI (Qatar Sports Investments), filial do fundo soberano do Qatar, e pela sociedade com o irmão Khalid, em outra empresa, a Oryx-Qatar Sports Investments, segundo a Mediapart.
A investigação está concentrada principalmente em comissões que teriam sido pagas para o encobrimento de testes positivos de doping de atletas russos e também para favorecer as candidaturas de Rio e de Tóquio para os Jogos Olímpicos.
Dessa forma, foram descobertas duas transferências suspeitas, feitas em outubro e novembro de 2011, que totalizaram US$ 3,5 milhões (R$ 13,5 milhões) da Oryx-Qatar Sports Investments para a Pamodzi Sports Consulting, que seria dirigida por Papa Massata Diack.
No depoimento, Nasser Al-Khelaifi garantiu que não sabia dos pagamentos até poucos dias atrás e disse que a responsabilidade sobre a empresa recai totalmente sobre o irmão. De acordo com a Mediapart, a Oryx se comprometeu a comprar os direitos de televisão do Campeonato Mundial de Atletismo de 2017 se Doha fosse escolhida como sede. A ideia era negociar os direitos com a BeIN Sports, que é dirigida pelo presidente do PSG.
O valor da negociação chegaria a US$ 32,6 milhões (R$ 126,5 milhões). No contrato, era estipulado um primeiro pagamento, não reembolsável, de US$ 3,5 milhões (R$ 13,5 milhões), para a Pamodzi Sports Consulting.
No depoimento, Al-Khelaifi, além de negar conhecer qualquer pagamento e os detalhes do contrato, negou envolvimento com a vitória de Doha na disputa para sediar o Mundial de Atletismo de 2017.
A QSI foi citada em investigações da Promotoria Nacional Francesa sobre redes de corrupção na escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016 e de Tóquio para a edição de quatro anos depois, assim como para sedes de Mundiais de Atletismo.
Os promotores abriram o caso em 2016, a partir das movimentações financeiras consideradas suspeitas de Papa Massata Diack, filho do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo, o senegalês Lamine Diack, ocultadas em atividades do setor de marketing da entidade esportiva.