Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 28 de setembro de 2018
O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, decidiu expulsar a secretária-geral do partido de Jair Bolsonaro em São Paulo, Letícia Catel, iniciando uma intervenção contra a ala crítica à sua atuação no órgão. A crise interna atinge o principal diretório da legenda no País, a pouco mais de uma semana da eleição e com o presidenciável ainda internado para se recuperar da facada que levou no dia 6.
Mas não é algo imprevisto, dado o grau de fragmentação da campanha. Letícia fazia parte de um grupo de voluntários que apoiam a campanha de Bolsonaro antes ainda que ela fosse materializada. Ela é amiga de Eduardo, filho do presidenciável que é candidato à reeleição como deputado por São Paulo. Empresária de família abastada, ela dispensou salário no partido e assumiu diversos compromissos em nome de Bolsonaro.
Se apresentava como assessora do candidato em reuniões sobre regras de debates eleitorais. Isso e o estilo independente, ressaltado por uma presença em mídias sociais na qual adota um discurso assertivo de direita e promove o porte de armas para defesa pessoal, levaram a críticas internas.O presidente do PSL em São Paulo, o candidato a senador Major Olímpio, estava entre os que a desautorizavam.
Atritos
A sua tentativa de centralizar as discussões de comunicação em grupos de WhatsApp foi vista por Bebianno como uma sublevação.O presidente do partido já enfrentou diversos atritos na campanha, antagonizando-se ora com os filhos de Bolsonaro, ora com apoiadores que reclamam de sua blindagem do acesso ao candidato.
Bebianno mudou-se temporariamente do Rio de Janeiro para São Paulo só para acompanhar, fisicamente, o controle de entrada de visitantes que procuram Bolsonaro no Hospital Albert Einstein, de deveria ter alta nessa sexta-feira – o que acabou não ocorrendo, por motivos médicos. Nesse caso, contudo, ele está alinhado com outros núcleos da campanha do presidenciável críticos a Letícia.
Disputa interna
Outros voluntários que trabalham no PSL-SP também poderão deixar o partido, embora haja ainda conversas para tentar recompor as pontes e reintegrar Letícia ao partido, para evitar um agravamento do dissenso interno. Nenhum deles (a começar pela própria ex-secretária-geral) indicou que deixará de apoiar a candidatura de Bolsonaro.
Eles consideram, em conversas reservadas, que Bebianno age de forma ditatorial em busca de poder interno, mas por enquanto evitam críticas públicas por entender que isso fragilizaria a campanha.Todos os envolvidos no episódio foram procurados pela reportagem, mas não atenderam ligações ou responderam a mensagens.