Logo após iniciar uma reunião na Casa Branca com o seu colega chileno Sebastián Piñera, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou a Venezuela de “um desastre que precisa de uma limpeza”.
“Vamos falar da Venezuela, dentre muitos outros assuntos”, disse o polêmico líder republicano, diante dos repórteres, enquanto cumprimentava o representante de Santiago. “A Venezuela é um desastre. Precisa de uma limpeza e as pessoas de lá têm que ser cuidadas”.
Na semana passada, durante a Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, Trump declarou que “todas as opções estão na mesa, incluindo as mais fortes e as menos fortes”, para em seguida completar, em tom irônico e ao mesmo tempo ameaçador: “E vocês já sabem o que eu quero dizer com força”. Ele se referia, de forma velada, a uma eventual intervenção militar para retirar o presidente Nicolás Maduro do poder.
Após a reunião com Trump, Piñera declarou em Washington que “há um diagnóstico muito compartilhado” sobre o fato de a Venezuela não ser uma democracia e que detalhou ao líder americano as iniciativas do Grupo de Lima para agir “dentro do marco do direito internacional”.
Nesse sentido, o presidente chileno foi direto: “A Venezuela é um país que está vivendo uma tremenda crise política, econômica, social e humanitária. Temos um diagnóstico muito compartilhado, a Venezuela não é uma democracia”.
Opção militar
Na sexta-feira, em reunião na OEA (Organização dos Estados Americanos), Piñera reiterou a sua avaliação de que uma opção militar ainda não é a saída ideal para a crise na Venezuela. Ele não detalhou à imprensa, porém, quais as possíveis soluções evocadas na reunião com Trump.
“Explicamos a ele todas as iniciativas tomadas pelo Chile e também pelos países do Grupo de Lima, para fazer, dentro do marco do direito internacional, tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar o povo venezuelano”, expressou Piñera. “Ajudar o povo venezuelano a recuperar a sua liberdade, a sua democracia, o respeito aos direitos humanos e a tirar a Venezuela desta crise humanitária.”
Maduro se despediu-se da Assembleia-Geral, na sexta-feira, assegurando que a sua participação na cúpula foi “um sucesso total, uma vitória na ONU”. A manifestação foi feita por meio de um vídeo gravado em Nova York, a caminho do aeroporto, e publicado em sua conta no Twitter. “A verdade da Venezuela foi ouvida”, afirmou.
“A verdade dos nossos povos prevalecerá sempre sobre o ódio e a mentira”, escreveu.
Maduro condenou, por sua vez, na assembleia “a agressão permanente” de Washington, mas disse a Trump que queria se reunir com ele e apertar sua mão. Sobre a hipótese de se encontrar com o presidente da Venezuel, Trump disse: “Vamos ver o que acontece”.