Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de março de 2019
O governo de Donald Trump vai pedir ao Congresso dos Estados Unidos a autorização para deportar menores desacompanhados que cheguem da América Central. O gesto é uma das medidas para atacar a atual crise migratória, que tem sobrecarregado a capacidade das agências governamentais de gerenciá-la. As informações são das agências de notícias Efe e Reuters.
A petição foi processada pela secretária de Segurança Nacional dos EUA, Kirstjen Nielsen, por meio de carta ao Legislativo. No documento, Kirstjen solicita ao Congresso “autoridade para devolver menores desacompanhados a suas famílias em seus países de maneira segura e ordeira, se eles não tiverem direito legal de permanecer (nos EUA)”.
Além de permissão para deportar os menores centro-americanos, o governo de Trump também solicitará autoridade para manter as famílias que pedem asilo detidas até que se resolvam seus processos judiciais migratórios.
Atualmente, a detenção de menores por mais de 20 dias não é permitida sob um acordo judicial de 1997, conhecido como “Flores”. Desse modo, famílias com crianças são libertadas enquanto suas solicitações estão sendo estudadas.
Finalmente, Kirstjen Nielsen também pede ao Congresso que autorize que as pessoas interessadas em solicitar asilo, completem os trâmites em seus países de origem na América Central, em vez de empreender a jornada perigosa para o Norte.
Estas medidas serviriam para atacar, na opinião do governo, as causas da emergência da fronteira e “restaurar a ordem”.
Fronteira com o México
Trump ameaçou nesta sexta-feira (29) fechar a fronteira do país com o México na próxima semana, potencialmente comprometendo milhões de travessias legais pela fronteira e bilhões de dólares em comércio, se o México não impedir que imigrantes cheguem aos Estados Unidos.
“Nós a manteremos fechada por um longo tempo. Eu não estou brincando. O México precisa parar com isso”, disse Trump em visita à Flórida. Perguntado se fecharia a fronteira mexicana para todo o comércio, Trump disse a repórteres “pode ser para todo o comércio”.
Durante seus dois anos na Casa Branca, Trump tem repetidamente prometido fechar a fronteira dos Estados Unidos com o México e não cumprido a promessa. Mas, desta vez, o país enfrenta dificuldades para lidar com uma onda de requerentes de asilo provenientes de países da América Central que chegaram aos Estados Unidos através do México.
Autoridades do Departamento de Segurança Interna advertiram que o trânsito entre o México e os EUA pode ser retardado, à medida que a agência transfere 750 agentes de fronteira de pontos de entrada para ajudar a processar os pedidos de asilo de imigrantes que estão chegando entre os pontos oficiais de passagem.
“Não se enganem. Norte-americanos podem sentir os efeitos dessa emergência”, disse a secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, em comunicado. Kirstjen disse que a transferência de agentes pode resultar em atrasos comerciais e em tempos de espera mais longos nos pontos de passagem.
O mês de março está a caminho de completar 100 mil detenções na fronteira, o maior número mensal em mais de uma década, disse o comissário da Alfândega e Proteção de Fronteira dos EUA, Kevin McAleenan, na quarta-feira. Cerca de 90 mil poderão permanecer nos Estados Unidos enquanto seus pedidos de asilo são processados, acrescentou.
O México minimizou a possibilidade de fechamento da fronteira. “O México não age com base em ameaças. Nós somos um grande vizinho”, disse o ministro das Relações Exteriores mexicano, Marcelo Ebrard, no Twitter.
Não ficou claro como o fechamento de pontos de entrada deteria requerentes de asilo, uma vez que eles são legalmente aptos a solicitar ajuda assim que pisam em solo norte-americano.
Entretanto, o fechamento da fronteira comprometeria o turismo e comércio entre os Estados Unidos e seu terceiro maior parceiro comercial, que totalizou 612 bilhões de dólares no ano passado, de acordo com o Bureau do Censo dos EUA.