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Temer decidiu fazer gestos públicos aos principais integrantes do seu bloco político para tentar recuperar a influência na construção de alianças para a próxima eleição

Temer deixou a entrevista à imprensa quando perguntado sobre o chefe da Polícia Federal. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Sob risco de ficar isolado na sucessão presidencial, Michel Temer decidiu fazer gestos públicos aos principais atores do seu bloco político para tentar recuperar influência na construção das alianças para a próxima eleição. Nos últimos dias, o Planalto deu sinais de reaproximação com Geraldo Alckmin (PSDB), enquanto apresentou restrições a uma possível candidatura de Henrique Meirelles e tentou erguer barreiras às articulações de (DEM).

A ideia original de Temer e seus auxiliares era organizar, em parceria com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma coalizão única dos partidos governistas. Esse grupo lançaria um candidato para defender a gestão do presidente e disputar com o tucano o eleitorado localizado mais ao centro do espectro político. Os principais ministros de Temer estavam incomodados, desde o fim do ano passado, com o fato de Alckmin ter acelerado as negociações com parte dessas siglas de maneira isolada, minando a unidade do bloco.

Além disso, os aliados do presidente acreditavam que os movimentos de Maia para tentar viabilizar uma candidatura majoritária reduziriam o protagonismo de Temer como líder dessa aliança. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na quarta-feira (10), Temer tentou recuperar essa posição para as negociações que se darão nos próximos meses. Ele minimizou a expectativa de seu ministro da Fazenda de disputar a Presidência com apoio do bloco governista. “Ele seria um grande presidente, mas, para mim, é claro que é muito melhor que fique na Fazenda”, disse.

O presidente também investiu contra os movimentos de Maia, que em poucos meses fechou acordos com dois partidos dessa coalizão (PP e Solidariedade) e abriu negociações com o PR, ao receber na quinta-feira (11) o ex-deputado Valdemar Costa Neto. “Ainda acho que a prioridade dele [Maia] é se reeleger para a presidência da Câmara. De qualquer forma, ele não tem nada a perder. E é aquela história, ‘se colar, colou'”, afirmou o presidente.

Segundo auxiliares, Temer percebeu que Maia começava a aglutinar um bloco partidário próprio, que poderia, em última instância, excluir o presidente e seu partido, o PMDB, das negociações. Com as recentes declarações, Temer quis mostrar que ainda é um ator importante para a montagem da aliança. O aceno a Alckmin sinaliza que o presidente poderia ajudar o governador paulista na construção de acordos com partidos da sua base. Diante das tensões, aliados de Maia ainda consideram incerta a viabilidade da candidatura do presidente da Câmara. Acreditam que ele só vai adiante se atingir entre 8% e 10% das intenções de voto até junho.

“O DEM tem um trabalho planejado para ser protagonista em 2018. Não estamos trabalhando para ir a reboque de nenhuma legenda. Queremos ter um projeto próprio e Maia é quem representa este movimento”, afirmou o líder da sigla na Câmara, Efraim Filho (PB). Alguns dirigentes do DEM, entretanto, admitem que, caso Maia não decole, estará bem posicionado para negociar o apoio desse bloco partidário a Alckmin e fazer a indicação do vice na chapa do tucano. Um dos principais cotados é o ministro Mendonça Filho (Educação).

Ao se reposicionar, Temer se descola do nome que era considerado o candidato natural do governo, Henrique Meirelles. O ministro da Fazenda não passou de 2% nas pesquisas de intenção de voto, não agrada aos partidos do Centrão e, na visão do presidente, precisa continuar focado na condução da agenda econômica.

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