O presidente Michel Temer anunciou nesta terça-feira (22) sua desistência de concorrer a mais quatro anos à frente do Palácio do Planalto e lançou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como pré-candidato à Presidência pelo MDB.
“Nós chamamos você para ser presidente do Brasil”, disse Temer ao fim de um discurso em evento do MDB, em Brasília, para o lançamento do documento “Encontro com o Futuro”.
A informação já circulava desde a última sexta (18), de que Temer havia decidido anunciar sua desistência em ser candidato no evento da legenda.
O presidente fez um discurso de mais de 15 minutos no qual fez elogios ao ex-ministro da Fazenda. “Digo sem errar que o Meirelles é o melhor entre os melhores.”
Temer falou ainda esperar que o ex-chefe da equipe econômica seja o único candidato de centro à Presidência da República.
Ele disse ainda que sentirá muito orgulho se um dia Meirelles for eleito presidente.
Ao elogiar os atos de seu governo na área econômica, Temer disse ainda que o País estará em boas condições para o próximo presidente. “Meirelles, você vai pegar o País com uma tranquilidade absoluta”, afirmou.
Temer à sombra
Mais do que o simples anúncio de diretrizes para as eleições de 2018, a marca que fica do evento do MDB desta terça é a da consolidação do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como pré-candidato ao Palácio do Planalto. Com Temer à sombra.
Temer viu o óbvio: seu nome não tem qualquer chance nas urnas e não deve ganhar popularidade em um futuro próximo. Desde que ventilou à imprensa que tinha a intenção de disputar a eleição, viu intensificarem-se o desgosto do eleitorado, por meio da rejeição em pesquisas de opinião, e a velocidade de denúncias no inquérito dos Portos, mais uma investigação de esquema de corrupção que leva a “grife” Temer nos autos.
Na última pesquisa CNT/MDA, mais recente levantamento de popularidade do governo, a aprovação à gestão teve 4,3% dos votos. O Planalto é rejeitado por 71,2% dos entrevistados, pequena alteração dentro da margem de erro em relação ao último levantamento. Os números horripilantes, entenderam os emedebistas, prejudicam o deslanchar de uma candidatura ou mesmo a formação de uma aliança competitiva com partidos como PSDB ou DEM.
O ministro Meirelles segue com 1% das intenções de voto, mas bate na tecla de seu potencial de crescimento. Já se sabe apenas que terá ajuda de Elsinho Mouco em sua pré-campanha. O marqueteiro de Temer terá a inusitada missão de apagar o nome do presidente das sondagens que envolvam o ex-ministro. A ofensiva que se inicia testará a viabilidade de Meirelles. O partido tem até junho, na convenção nacional, para decidir se será protagonista da chapa presidencial governista ou volta ao segundo plano.