Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de novembro de 2019
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, criticou nesta sexta-feira (29) seu par francês, Emmanuel Macron, dizendo que ele está em “estado de morte cerebral”, o que acentua a tensão entre os líderes a uma semana da realização da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Erdogan reagiu às declarações de Macron, que um mês antes da reunião de cúpula da organização disse acreditar que a Otan (aliança militar ocidental, liderada pelos Estados Unidos) está morrendo. E que os sinais, segundo ele, eram a falta de coordenação entre a Europa e os Estados Unidos e as ações militares da Turquia na Síria. “O que estamos vivendo atualmente é a morte cerebral da Otan”, disse Macron, na ocasião.
“Não há nenhuma coordenação na tomada de decisões estratégicas entre Estados Unidos e seus aliados da Otan. Nenhuma. Há uma ação agressiva, descoordenada, de outro aliado da Otan, a Turquia, em uma zona em que nossos interesses estão em jogo”, completou.
Agora, em contrapartida, Erdogan atacou o líder europeu em um discurso transmitido na TV.
“Primeiro analise sua própria morte cerebral. Essas declarações servem apenas para pessoas como você, que estão em um estado de morte cerebral.”
Os comentários foram feitos após Macron criticar a ofensiva turca realizada no mês passado contra milícias curdas na Síria apoiada por países ocidentais.
Na ocasião, o francês disse que “não há nenhuma coordenação na tomada de decisões estratégicas entre Estados Unidos e seus aliados da Otan. Nenhuma”. “Há uma ação agressiva, descoordenada, de outro aliado da Otan, a Turquia, em uma zona em que nossos interesses estão em jogo.”
Erdogan e Macron, assim como a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê britânico, Boris Johnson, se reunirão paralelamente à cúpula da aliança militar ocidental, em Londres, para discutir a situação na Síria.
Em outubro, a Turquia iniciou uma operação no nordeste do país contra a milícia curda YPG, que Ancara considera terrorista.
Países ocidentais, no entanto, criticaram a ofensiva, e Macron declarou em uma entrevista à revista The Economist no começo de novembro que a operação, unilateral, era um sintoma de que a Otan estava em estado de “morte cerebral”.
A crítica causou um enorme mal-estar na Turquia, cujas autoridades acusaram o governo francês de querer implantar um “Estado terrorista” no norte da Síria.
“Ninguém presta atenção a você. Você ainda tem uma faceta amadora, comece consertando isso”, afirmou Erdogan, aludindo a Macron. “Quando se trata de ser arrogante, você sabe como fazê-lo muito bem. Mas quando se trata de dar à Otan o dinheiro que você deve, isso é outra coisa.”
“É tão inexperiente! Ele não sabe o que é a luta antiterrorista, é por isso que os coletes amarelos invadiram a França”, acrescentou. “Gesticule o quanto quiser, e você acabará reconhecendo a idoneidade de nossa luta contra o terrorismo.”