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Fama & TV O primeiro James Bond a gente nunca esquece: o filme “O Satânico Dr. No” faz 60 anos

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Sean Connery e Ursula Andress em cena de "O Satânico Dr. No".

Foto: Divulgação
Sean Connery e Ursula Andress em cena de "O Satânico Dr. No". (Foto: Divulgação)

Há 60 anos estreava O Satânico Dr. No, primeiro título da franquia James Bond. De lá para cá tudo se transformou e o agente 007 foi encarnado por diversos atores. Mas o primeiro Bond a gente não esquece. E este primeiro agente com licença para matar surge na tela grande na pele do insuperável Sean Connery.

Também neste filme de 1962, dirigido por Terence Young, surgia a primeira Bond Girl, a também imbatível Ursula Andress. A cena que a transforma em mito sexual a mostra saindo do mar caribenho, de biquíni branco e facão na cintura, para pasmo de Bond, que a admirava da praia.

Nessa primeira aventura, Ursula aparece apenas depois de uma hora que o filme já começou. Mas, daí em diante, quase não sai mais de cena – para deleite da plateia masculina que curtia essa primeira aventura adaptada da obra de Ian Fleming.

Diante do sucesso desse filme inaugural, Sean Connery (1930-2020) faria ainda Moscou contra 007, 007 contra Goldfinger, 007 contra a Chantagem Atômica e 007 – Só se Vive duas Vezes. Filmes que compõem o cânone da franquia.

Entre os adeptos de Bond, porém, há muitas discussões. Por exemplo, muita gente acha Goldfinger superior a Dr. No. Verdade, vilão por vilão, os dois se ombreiam. Mas a vantagem de Dr. No (interpretado por Joseph Wiseman) é ter sido o vilão inaugural. Por isso, ocupará, para sempre, o pódio no panteão nostálgico da geração que viu o filme do cinema, em uma tarde de comum divertimento, antes que 007 se tornasse um ícone do entretenimento cinematográfico.

Visto hoje, O Satânico Dr. No conserva ainda virtudes que provavelmente contribuíram para seu sucesso no início dos anos 1960. A trama é simples, quase simplista mesmo, quase à maneira de uma história em quadrinhos despretensiosa. Equilibra ação e erotismo, sem exagerar de um lado ou do outro. É ousado para época, nunca explícito e jamais apelativo. Mas é bem possível que os exegetas contemporâneos censurem o machismo de Bond, cisgênero, branco e incorrigível mulherengo. E também, claro, o colonialismo que ele representa.

De fato, Bond é enviado para a Jamaica para esclarecer o desaparecimento de um agente britânico. Suas investigações o levam ao misterioso dr. No, cientista malvado com plano de destruir o programa espacial norte-americano. Com um pouco de imaginação, podemos lembrar que 1962 foi o ano da crise dos mísseis em Cuba e o auge da Guerra Fria, quando o planeta esteve à beira de uma guerra nuclear. Um pouco desse clima tenso passa no filme, sob a forma de uma cooperação entre Estados Unidos e Inglaterra para enfrentar um inimigo poderoso. Não diretamente a então União Soviética, mas uma organização criminosa imaginária chamada Spectre, comandada pelo Dr. No. Enfim, era o “mundo livre” contra os malucos do outro lado. O de sempre, até que tombasse o muro de Berlim, a URSS fosse dissolvida e os filmes de espionagem tivessem de buscar novos inimigos e vilões.

Dirigido por Terence Young (1915-1994), O Satânico Dr. No mostra qualidades cinematográficas. A fotografia, de Ted Moore, é de um colorido expressivo e muito adequado à paisagem marinha do Caribe. A música de Monty Norman virou um logotipo auditivo para a entrada em cena de Bond. A abertura é criativa, com uma figura masculina indefinida surgindo na objetiva de câmera fotográfica, apontando a arma na direção do espectador e disparando.

Para quem quiser matar as saudades, O Satânico Dr. No encontra-se disponível no streaming, na Amazon Prime Video e também no Apple TV+ e YouTube Filmes.

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