Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 4 de novembro de 2017
O primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, anunciou neste sábado (4), de maneira surpreendente, sua renúncia ao cargo, acusando o Hezbollah e seu aliado Irã de “controle” no Líbano e citando ameaças contra sua vida.
“Anuncio minha demissão do posto de primeiro-ministro”, declarou Hariri, que está na Arábia Saudita, em um discurso exibido pelo canal de notícias Al-Arabiya.
Bandeira libanesa
Hariri, ligado à Arábia Saudita, fez o anúncio ao ler o discurso sentado em um escritório, ao lado de uma bandeira libanesa. “Senti o que se tramava nas sombras para atacar minha vida”, declarou.
Para Saad Hariri, de 47 anos, o Líbano vive uma situação similar à registrada antes do assassinato de seu pai, o ex-premiê Rafic Hariri, em 2005, segundo a agência de notícias France Presse.
Atentado
A rede de televisão Al Arabiya afirmou que as forças de segurança libanesas frustraram há alguns dias um atentado contra Hariri, segundo a agência de notícias Efe. Sem fornecer muitos detalhes, o canal saudita explicou que o grupo que preparava o ataque desligou as câmeras das torres de vigilância da rota por onde passaria a comitiva do premiê em Beirute.
Hezbollah
Cinco membros do Hezbollah são acusados pela morte de Rafic Hariri, que deixou o país em estado de choque.
O Hezbollah é um aliado chave do regime de Bashar al-Assad, na guerra na vizinha Síria, enquanto Hariri se opõe fervorosamente ao governo sírio.
O grupo é o único que não entregou as armas ao fim da Guerra Civil no Líbano (1975-1990), o que provoca oposição de Israel. O Hezbollah, por outro lado, conta com o apoio de Teerã.
Irã
“O Irã exerce um controle no destino dos países da região […]. O Hezbollah é o braço do Irã não apenas no Líbano, como também em outros países árabes”, denunciou Hariri, de acordo com a France Presse.
Hariri acusou Teerã de “ter criado conflito entre os filhos de um mesmo país, de ter criado um Estado dentro do Estado […] até ter a última palavra nas questões do Líbano”.
“Nas últimas décadas o Hezbollah impôs uma situação de fatos consumados com a força das armas”, completou Hariri, que já havia sido primeiro-ministro entre 2009 e 2011, antes do Executivo chegar ao fim com a demissão de ministros do Hezbollah.
A guerra na Síria provocou ainda mais divisões no Líbano, dividido entre detratores e partidários do regime de Damasco.
O Hezbollah é politicamente dominante no Líbano, mas seus vínculos com o Irã e seu apoio ao presidente sírio, Bashar al-Assad, irritaram alguns libaneses.
Hariri tornou-se primeiro ministro do Líbano no fim do ano passado, após um acordo político que também colocou o aliado do Hezbollah, Michel Aoun, como presidente do país.