Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de outubro de 2020
O principal insumo para a produção da vacina da empresa Astrazeneca, produzida no Brasil em parceria com a Universidade de Oxford e a Fundação Oswaldo Cruz (Fioruz), é fabricado na China.
Segundo ela, 15 milhões de doses do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) virão da China para o Brasil em dezembro, para a fabricação das primeiras doses da vacina desenvolvida por Oxford no Instituto Bio-Manguinhos, ligado à Fiocruz. A informação foi confirmada pelo infectologista e pesquisador da Fiocruz, Júlio Croda.
“Ela tem componente chinês como qualquer produto, né? As máscaras que a gente usa, respiradores que foram importados, a maioria dos produtos médicos são da China. Então é normal que a maioria das vacinas possua algum componente chinês. A gente não pode ser xenofóbico de discriminar um produto pela sua origem. A gente tem que avaliar os estudos e a Anvisa avaliar realmente esses resultados independente da origem do país e identificar se são resultados que comprovem a segurança é a eficácia da vacina”.
O IFA é o princípio ativo da vacina – a vacina concentrada. O fármaco de Oxford está na fase três, com testes em voluntários. A Astrazeneca já recebeu quase R$ 2 bilhões em investimentos do governo federal. A vacina Coronavac, produzida pela farmacêutica Sinovac, está na mesma fase do imunizante produzido pela Astrazeneca. O Butantan produzirá as vacinas nacionalmente, com insumos importados da China, depois da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Compra cancelada
Nesta semana, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a anunciar a intenção e compra da Coronavac, mas em seguida o presidente Jair Bolsonaro disse que não compraria a vacina da China e mandou cancelar o acordo.
“Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós. Não sei se o que está envolvido nisso tudo é o preço vultoso que vai se pagar por essa vacina sobre a China”.
Na quinta-feira (22), o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou na internet que a Anvisa está demorando para autorizar a importação da matéria-prima da farmacêutica Sinovac para produção da vacina Coronavac no Brasil. Dimas Covas disse que espera que a agência agilize a autorização.
Análise
Uma nova análise indica que a vacina desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Oxford junto com a empresa farmacêutica AstraZeneca foi capaz de gerar uma resposta imunológica contra o novo coronavírus, causador da doença conhecida como covid-19. Ainda em fase de testes, a vacina é apontada por especialistas do mundo todo como uma das mais promissoras para combater a pandemia de SARS-CoV-2, que já tirou mais de 156 mil vidas no Brasil. Os primeiros dados sobre a sua eficácia e segurança em larga escala, com base em uma testagem que acontece nos Estados Unidos, no Reino Unido e no Brasil, devem ser divulgados antes do final do ano. Mas uma análise independente de virologistas da Universidade de Bristol traz uma notícia positiva nesta semana.
O pesquisador responsável pela análise David Matthews afirmou que a vacina está fazendo tudo que era esperado, o que é positivo para o combate ao coronavírus. “Este é um estudo importante, pois podemos confirmar que as instruções genéticas que sustentam a vacina, que está sendo desenvolvida o mais rápido possível com segurança, são seguidas corretamente quando entram em uma célula humana. Até agora, a tecnologia não foi capaz de fornecer respostas com tanta clareza, mas agora sabemos que a vacina está fazendo tudo o que esperávamos e isso é apenas uma boa notícia em nossa luta contra a doença”, disse o pesquisador, em nota.
A vacina de Oxford com a AstraZeneca é baseada em uma versão modificada do adenovirus de chimpanzés, e visa evitar a replicação do vírus no organismo humano, de modo a evitar sintomas da covid-19 e reduzir o número de mortes causadas pela doença infecciosa.