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Por Redação O Sul | 27 de setembro de 2019
O processo de impeachment contra o presidente americano, Donald Trump, é mais uma fonte de incerteza em relação ao seu governo, mas as consequências para negócios, indústria e comércio ainda não são claras. Empresas, que já lidam com incertezas comerciais, poderiam adiar planos de investimento. Na arena comercial, o Acordo EUA, México e Canadá (USMCA), que substitui o Nafta, corre o risco de ser adiado. Além disso, Trump pode impor mais tarifas à China, na tentativa de desviar o foco sobre a investigação. As informações são do jornal Valor Econômico.
O mercado reagiu bem na quarta, depois da divulgação do conteúdo da conversa de Trump com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Bolsas americanas fecharam em alta, depois de terem reagido mal com a abertura do processo de impeachment.
A alta é explicada também por maiores compras de soja pela China. As perspectivas mais animadoras ajudaram a fortalecer o dólar.
Os mercados financeiros não gostam de incerteza e as perspectivas de um processo de impeachment avançar podem tornar tanto empresas quanto investidores menos seguros, afirma Nancy Vanden Houten, economista-chefe da consultoria Oxford Economics.
“Mas, como vimos, as bolsas se recuperaram ontem, apesar das notícias sobre a conversa de Trump com o presidente da Ucrânia”, afirma. “Podemos esperar mais volatilidade por questões políticas, mas não acho que um processo de impeachment por si só cause danos significativos aos mercados.”
As empresas nos EUA já estão enfrentando um alto nível de incerteza por causa das políticas comerciais do governo Trump, e isso prejudica setores como agricultura e manufatura, diz. “Um processo de impeachment prolongado pode tornar ainda mais difícil para empresas tomarem decisões de investimento e contratação.”
Investidores estão preocupados com a possibilidade de o drama do impeachment atrasar a aprovação do USMCA pelos democratas da Câmara ou levar a uma nova escalada da guerra comercial com a China”, diz Michael Pearce, da consultoria Capital Economics.
No curto prazo, contudo, os maiores riscos são de ordem comercial e orçamentária, diz Pearce. “Trump pode tentar desviar a atenção do impeachment com mais tarifas à China. Além disso, a relação entre os democratas na Câmara e o presidente pode se deteriorar, o que aumenta as chances de um novo shutdown no fim deste ano.”
Dentro de casa, Trump deve usar a investigação para consolidar e mobilizar sua base política antes das eleições, retratando-a como tentativa de anular o resultado das eleições de 2016, diz Jonathan Wood, da consultoria Global Risks.
“Os democratas, apesar de esperarem que o processo prejudique senadores republicanos que buscam reeleição, têm receio de que o impeachment prejudique seus próprios candidatos em Estados que costumam oscilar entre os republicanos e os democratas”, diz.