O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Lucas Furtado vai ser investigado por ter pedido à Corte de Contas que apure se as declarações do presidente Jair Bolsonaro, que tem estimulado o uso da cloroquina em estágios iniciais da infecção por coronavírus. A representação contra Bolsonaro havia sido feita logo após vídeo divulgado nas redes sociais em que o presidente, que testou positivo para a doença, afirmou ter tido melhoras com o uso de cloroquina. Na sequência, o deputado federal José Medeiros (PODE-MT) apresentou pedido para que fosse aberto um procedimento interno contra Furtado. A alegação: perseguição contra o presidente.
“Ao chamar o governo brasileiro de genocida, o Subprocurador deixa clara seu desgosto pessoal com um Presidente democraticamente eleito, desrespeita as pessoas que o elegeram e faz uma grave afirmação contra o Poder Executivo brasileiro, com riscos de ferir a ordem democrática do nosso país. Ressalta-se que tudo isso feito de forma institucionalizada, valendo-se de seu cargo público para expressar opiniões individuais e falar em nome do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União”, disse o parlamentar.
“Em uma democracia todos podem e devem expressar suas opiniões, mas isso deve ser feito de forma transparente e sem se valer de cargo público e dinheiro público para perseguir àqueles de quem discordamos. Assim, caso o Subprocurador-Geral queira expressar seu desgosto pelo Presidente da República, que o faça sem mover a máquina pública para isso”, completou.
Lucas Furtado disse que está à disposição para eventuais esclarecimentos junto ao TCU. “Vejo-me na obrigação de provocar o TCU a fim de que sejam adotadas medidas de sua competência no sentido de obrigar o presidente Jair Bolsonaro a não mais propagandear o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no trato da Covid-19, determinando-se a eventual reparação dos cofres públicos, pelo Presidente, caso as despesas com seu tratamento mediante uso da cloroquina e/ou da hidroxicloroquina estejam sendo custeadas com recursos públicos”, afirmou ele no pedido contra Bolsonaro. Neste sábado (1) informou estar ciente de que é “acusado de afirmar que o senhor presidente da República, sem qualquer comprovação científica, faz publicidade da cloroquina para combater a Covid”.
Servidor
Durante uma sessão virtual da Segunda Câmara do Tribunal de Contas da União (TCU), um servidor atacou a futura presidente da Corte, a ministra Ana Arraes. Durante a reunião, a ministra entendeu que o subprocurador Lucas Rocha Furtado havia pedido vista. Após a ministra conceder o pedido, o chefe de gabinete do integrante do Ministério Público junto ao tribunal a criticou com xingamentos.
“Não pediu vistas, p***!”, reagiu o servidor, sem perceber que o microfone estava aberto para que todos os ministros participantes da sessão. Em seguida, o servidor continuou com os constrangimentos: A mulher é louca. Ele não pediu vista. Rapaz do céu. A ministra Ana Arraes vai ser o caos na presidência do TCU”. Ana Arraes chega a se assustar com o tom usado, repetindo que o subprocurador havia pedido vista.
O tribunal esclareceu que não houve equívoco por parte da ministra Ana Arraes na condução da sessão, “pois de fato houve o pedido de vista do subprocurador Lucas Rocha Furtado”, disse o TCU, por meio de nota. A ministra Ana Arraes já se manifestou na sessão e não vai comentar mais o ocorrido.