Por Redação O Sul | 10 de setembro de 2018
O PT ainda discute internamente como fazer a troca do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) pelo ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (2013-2016) como cabeça-de-chapa do partido na disputa pelo Palácio do Planalto. De acordo com fontes internas da legenda, há divergências sobre o discurso a ser adotado a partir de agora.
Uma ala da sigla ainda pretende insistir na tese de que o ex-presidente continua com chance de disputar a eleição, com base em decisões da ONU (Organização das Nações Unidas) e recursos pendentes de julgamento no âmbito do STF (Supremo Tribunal Federal).
Por esse grupo, Haddad teria a sua candidatura registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta terça-feira, prazo final dado pela Corte para que o PT apresente um candidato e não perca o tempo a que tem direito no horário gratuito de TV. Mas o discurso, nesse caso, seria o de que Lula pode voltar.
Já uma outra ala é frontalmente contrária a essa ideia. Principal argumento: Fernando Haddad precisa de tempo para ser conhecido como candidato de Lula, e para isso é fundamental ocupar com urgência o espaço na TV, em programas e debates, como o nome que, definitivamente, disputará a eleição.
“O eleitorado de Lula precisaria entender com clareza que o ex-presidente está definitivamente fora, mas escolheu Haddad para substituí-lo”, argumenta uma dessas fontes. “Os próprios seguidores do ex-presidente nas redes sociais têm dado sinais de que a estratégia de manter o suspense em torno da candidatura de Lula já se esgotou.”
Em uma recente postagem no perfil do ex-presidente no Facebook que informava que os advogados teriam conseguido uma segunda liminar a favor dele na ONU, diversos comentários pediam a indicação rápida do ex-prefeito paulistano, atual vice na chapa.
“Coloca o Haddad, pelo amor de Deus!”, escreveu uma suposta eleitora petista. “Não há mais tempo. Será que vocês não entendem que jamais irão liberar Lula?. Estão demorando demais para lançar Haddad e Manuela D’Ávila [deputada gaúcha do PCdoB e provável vice de Haddad]! Estamos perdendo votos.”
Ficha-suja
Sentenciado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP), Lula completou na última sexta-feira cinco meses em uma cela especial na carceragem da sede da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR).
No dia 31 de agosto, por seis votos a um, os ministros do TSE decidiram impugnar a candidatura do líder petista, com base na Lei da Ficha Limpa. A sessão durou quase nove horas.
