Deputados do PT querem tentar fazer com que o processo de fritura de Sérgio Moro seja lento, o que pode não resultar na perda de seu cargo. Pensam que Bolsonaro, quando quer, mantém mesmo os nomes enroscados, a exemplo do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro. As informações são da revista Época.
Os petistas afirmam que nunca houve a expectativa de que Sérgio Moro saísse ou fosse saído do Ministério da Justiça por causa das conversas do Telegram. Também não esperam que saia em breve.
Defesa de Moro
Nos atos de apoio à Operação Lava-Jato e ao governo Jair Bolsonaro que ocorreram em algumas cidades brasileiras neste domingo, as convocações partiram de centenas de fontes diferentes que são menos parecidas entre si do que um olhar distante supõe. Há ao menos 200 movimentos — alguns formados por nem meia dúzia de pessoas — que, ao mesmo tempo que protestam contra a corrupção, competem por atenção entre si. Há disputas internas, rachas e até brigas por quem consegue o melhor espaço nas ruas.
Os chamados “movimentos anticorrupção” têm origem variada: um dos mais antigos é o Revoltados On-Line. Atualmente, o grupo é claramente um apoiador do governo Bolsonaro, mas, em 2010, quando surgiu, era apenas um fórum de internet. Grande parte dos grupos em atuação nasceram em 2014, quando a Lava-Jato começou, e ao longo do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. No entanto, mesmo após a saída de Dilma da Presidência da República, dezenas de movimentos continuaram sendo fundados e hoje a maioria serve de base para o PSL, o partido do presidente Bolsonaro.
A máquina de comunicação para os atos ainda envolve influenciadores digitais, muitos deles agora eleitos deputados federais que comparecem no carro de som do movimento à sua escolha. Os atos deste domingo começaram a ser divulgados três dias após as revelações do site The Intercept Brasil dos diálogos entre procuradores da Força Tarefa da Lava-Jato e o ministro Sérgio Moro.
Antes mesmo do vazamento, no dia 6 de junho, alguns movimentos pequenos já haviam protocolado pedidos às autoridades para se manifestar neste dia 30 em apoio às reformas do governo Bolsonaro. Após os vazamentos, praticamente todos os movimentos se juntaram. O julgamento do pedido de liberdade do ex-presidente Lula no STF (Supremo Tribunal Federal) na última terça-feira também turbinou as convocações.
Paulo Gusmão, o publicitário e ativista que criou o boneco Pixuleco em 2015, percebeu que havia movimentos demais com pouca identidade própria. Em março deste ano, criou a ONM (Organização Nacional dos Movimentos).
“A ONM é uma organização criada exatamente para tentar unir todos os movimentos para facilitar a condução das pautas e discutir e amadurecer politicamente os movimentos de rua. A ONM já tem quase 100 movimentos. A nossa preocupação é de manter a disciplina das decisões que são tomadas, mas mantendo a soberania de cada movimento”, diz Paulo.
Briga por espaço
Na Avenida Paulista por exemplo, além do Vem Pra Rua — um dos maiores grupos anticorrupção do País — mais treze movimentos chamaram seus simpatizantes para comparecerem ao ato, segundo ata de um encontro entre os representantes dos movimentos com a Polícia Militar na semana passada. Na reunião houve discussões entre as lideranças pelo local em que cada pretendia estacionar seu carro de som. A tensão foi tanta que alguns dos participantes deixaram a reunião. Após a ata do encontro ter sido divulgada, grupos menores acusaram os maiores de terem sido privilegiados.
Pautas distintas
Os movimentos possuem também divergências sobre as pautas que devem ser defendidas. O MBL, o movimento com mais representantes eleitos e maior alcance nas redes, não compõe e não pensa em compor a ONM, e junto com o Vem Pra Rua não participou do último ato do dia 26 de maio por considerá-lo governista e radical.
Essa posição garantiu ao MBL forte volume de críticas por parte dos demais movimentos que foram para as ruas no final de maio. Em alguns momentos, o grupo foi mais criticado do que o próprio PT.
Renato Battista, coordenador do MBL, assume que existem diferenças, mas não gosta de detalhar quais são elas. “Falar de diferenças entre os movimentos pode gerar intriga desnecessária. O MBL possui uma agenda, baseada em princípios liberais, e por isso estamos tão presentes no debate público”, afirmou.
Apesar da disputa por espaço e atenção, as pessoas que vão às ruas não estão muito preocupadas em guardar o nome dos grupos que fazem as convocações. Uma pesquisa do Monitor do debate político no meio digital da USP (Universidade de São Paulo), realizada durante a manifestação do dia 26 de maio, mostra que apenas 8% dos entrevistados disseram não conhecer o MBL enquanto o movimento Nas Ruas é desconhecido por 33% dos ouvidos na pesquisa.