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Por Redação O Sul | 1 de julho de 2018
A menos de cem dias do primeiro turno das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta, em vão, deter uma disputa entre petistas pelo direito de substituí-lo na corrida presidencial, diante do provável impedimento da sua candidatura. Por intermédio de bilhetes e mensagens, Lula busca manter o controle do partido.
Mas, à espera de uma definição do ex-presidente, potenciais candidatos e apoiadores já deflagraram suas batalhas pelo papel de reserva de Lula, que está preso em Curitiba (PR). Hoje existem quatro nomes cogitados para incorporar o plano B: o ex-governador da Bahia Jaques Wagner, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-ministro Celso Amorim.
Uma amostra dessa rivalidade aconteceu no dia 8 de junho, data do lançamento oficial da pré-candidatura de Lula, em Contagem (MG). Apontado como preferido de Lula e dos governadores petistas, Wagner era o encarregado de ler uma mensagem enviada pelo ex-presidente. Sob o comando de Gleisi, os organizadores do ato decidiram, porém, montar um jogral para a leitura da carta. Descartada a ideia, a tarefa foi repassada à ex-presidente Dilma Rousseff.
No momento da leitura, Wagner já havia deixado o auditório onde ocorria o lançamento. A saída dele foi interpretada como mais um sinal de sua inapetência para a candidatura presidencial, especialmente após a realização de uma ação da Lava-Jato em sua casa. Defensores de Wagner afirmam, no entanto, que ele aceitará concorrer se for convocado por Lula, mas prefere ser discreto até lá.
Enquanto isso, Haddad tenta amenizar a resistência interna. Para isso, se associou à maior corrente petista, a CNB (Construindo o Novo Brasil), tem viajado pelo Brasil e se reunido com petistas a pretexto da elaboração do programa de governo de Lula. A disputa começou um dia depois da prisão de Lula, no dia 7 de abril. Contrariada com a veiculação de notícia segundo a qual Haddad dividiria com Gleisi a missão de falar em nome do ex-presidente, a senadora registrou em resolução do partido que ela foi a porta-voz designada por Lula.
Cada vez mais popular entre os militantes, Gleisi também tem interditado debate interno sobre o plano B, alimentando a suspeita de que busca se viabilizar para a disputa. No último dia 18, durante reunião do conselho informal do PT, dirigentes petistas manifestaram apreensão quanto à falta de estratégia para depois do Mundial. A reunião foi gravada para que seu teor fosse enviado a Lula. Mas, por uma falha técnica, não chegou ao ex-presidente.
Na reunião, os ex-ministros Franklin Martins e Aloizio Mercadante se mostraram preocupados com a ausência de um porta-voz credenciado para representar Lula em atividades da pré-campanha. Mas a discussão sobre a antecipação do nome do vice de Lula foi abortada. Em meio a essa turbulência, um grupo de dirigentes do PT trabalha pela indicação de Celso Amorim para a execução do plano B. Há até slogan para o diplomata: “o chanceler da paz” ou “o embaixador da esperança”.
Oficialmente, porém, o partido mantém o discurso de que Lula será candidato. Em evento na noite de sexta-feira (29), em São Paulo, com representantes de pré-candidaturas de esquerda ao Planalto, Haddad repetiu que a sigla “não pode e não vai abrir mão” do ex-presidente. “Nós não temos condições políticas, morais, intelectuais, programáticas de abrir mão do Lula”, disse.