A Operação Lava-Jato fez o ex-presidente da Câmara dos Deputados queimar a língua. Eduardo Cunha nunca gostou da Ordem dos Advogados do Brasil, defendia auditoria pública e criticava o exame de ordem para a carteirinha – chegou a incluir um “contrabando” numa medida provisória para tentar derrubar a prova.
Agora, trancafiado, Cunha acaba de contratar quatro escritórios de criminalistas renomados. Defendem o político os advogados Pier Paolo Botini; Arns de Oliveira; Ticiano Figueiro & Pedro Ivo. Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, dá consultoria.
Fui!
Quem defendia Cunha durante seu processo de cassação era o escritório do ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza, que denunciou os 40 do mensalão.
Mas…
Antonio Fernando não pôs a mão no fogo pelo cliente. Nunca apareceu nas defesas nas audiências do Conselho de Ética. Mandava o sócio.
OAB atenta
O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, acompanha a repercussão: “Registramos agora mais uma contradição na trajetória do ex-deputado”.
Tapa de luva
“Depois de anos atacando a advocacia, estimulando o fim do Exame e a diminuição da qualidade dos cursos, ele precisa fazer valer o sagrado direito de defesa”, diz Lamachia.
Despejo
Na véspera de ser preso pela Lava-Jato, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi notificado pela Quarta Secretaria para entregar o imóvel funcional em um bairro nobre de Brasília. Cunha deveria ter deixado o imóvel no dia 12 de outubro, um mês depois de ser cassado pelo plenário da Casa.
Abusou
É praxe parlamentares esticarem o tempo de permanência em imóveis bancados com recursos públicos. Mas Cunha abusou, segundo ex-colegas.
Tô fora
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está irritado e adota postura discreta ao se esquivar de perguntas sobre a prisão de Cunha. Quando Cunha foi cassado, em setembro, Renan provocou: “Quem planta vento colhe tempestade”.
Tô fora 2
O presidente nacional do PMDB, Romero Jucá (RR), também encrencado na Lava-Jato, tentou driblar jornalistas na quarta-feira sobre a prisão de Cunha. “Pergunta para a Justiça ou fala com o Lula”, tergiversou o senador.
Crise existencial
O PMDB vai manter Eduardo Cunha no partido, a despeito da prisão. O presidente da sigla, Romero Jucá (RR), resumiu: “O PMDB não vai tomar qualquer posição antes de qualquer decisão judicial. Portanto, nós vamos aguardar”.
“Delação preciosa”
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirma que o País agora aguarda, com “expectativa e ansiedade a ‘delação preciosa’” do ex-presidente da Câmara. “Esperamos que ele apresente detalhes do que sabe para fazer uma limpeza definitiva da política.”
Só educação
Suplente do senador Delcídio do Amaral, cassado depois de preso pela Lava-Jato, o senador Pedro Chaves (PSC-MS) evitou comentar a prisão do ex-presidente da Câmara. “Se fosse sobre educação eu falava, mas sobre ‘isso’ não”, se esquivou o senador.
Ponto final
“Então… não tem da minha boca nenhuma declaração de ameaçar quem quer que seja. Pode ficar tranquilo que, quando eu tiver alguma coisa contra qualquer um, no momento que eu quiser fazê-lo eu o farei sem precisar do palco do Conselho de Ética para isso.” – Do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Operação Lava-Jato.