Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2023
A Polícia Civil de São Paulo segue com investigações em aberto para tentar elucidar toda a dinâmica por trás do sequestro do ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca, de 51 anos. Ele desapareceu na madrugada do último domingo (17), logo após ter saído de um show de pagode na Neoquímica Arena, o estádio do Corinthians, em Itaquera. Teria passado mais de 24 horas sob o poder de criminosos até ser resgatado, no início da tarde da segunda-feira.
Na tarde do dia em que o ex-jogador foi resgatado, começou a circular nas redes sociais um vídeo em que Marcelinho e uma mulher apareciam lado a lado e diziam que haviam sido sequestrados pelo marido dela, que teria descoberto um caso entre os dois. Ela é Taís Alcântara de Oliveira Moreira, de 36 anos, que trabalhou para o ex-jogador na Secretaria de Esportes e Lazer de Itaquaquecetuba durante sua gestão. Após o resgate, ambos disseram à polícia que foram obrigados pelos bandidos, sob ameaça de arma, a criar aquela a versão. Ela afirmou ainda que estava separada há três meses. A princípio, a polícia rechaça a ideia de que esse seria o motivo do rapto.
“Isso não é incomum, de os sequestradores sob ameaças fazerem as vítimas falarem o que eles querem. Isso acontece. E o próprio Marcelinho relata isso, também corroborando a versão da Taís”, disse o delegado-geral Artur José Dian.
A polícia acredita que, a princípio, não há indícios de envolvimento de Márcio Moreira, de 39 anos, no crime. Ele, que foi ouvido na delegacia e liberado, tem um comércio de venda e conserto de relógios em Itaquaquecetuba, onde é conhecido pelo apelido de Márcio do Beco. Trabalha também como funcionário terceirizado da Saúde municipal, no Centro de Saúde Regina Neves.
O delegado-geral afirmou que, a princípio, Taís não tem nenhum envolvimento crime. “A princípio, ela é vítima, assim como o próprio Marcelinho falou. Até checarmos todas as circunstâncias do crime, os dois são as vítimas”, ressaltou.
Como foi
Marcelinho afirma que, por volta de 0h40 de domingo, depois que já havia saído do show do cantor Thiaguinho, em Itaquera, combinou de levar para a amiga, em sua casa, em Itaquaquecetuba, ingressos para o mesmo evento, que seria realizado novamente no dia seguinte. Ele diz que estava próximo à casa dela quando ambos foram abordados por três criminosos. Afirma que foi agredido com uma coronhada e, em seguida, foram raptados em seu próprio carro.
“Eu fui ao show do Thiaguinho no sábado e saí por volta de 0h40 da Neoquímica Arena. Voltando para casa, e eu moro no Arujá, eu fui passando e falando com as pessoas que iam no show de domingo, porque eu não ia poder ir, e disse ‘vou entregar os ingressos para vocês irem domingo’. (Estava) Na rua de baixo da casa dela, e três ruas depois tem uma festa de comunidade, um baile funk. Eu estava falando com todo mundo e aí chegaram três indivíduos, que me abordaram. Aí eu tomei uma coronhada na cabeça, depois não vi mais nada. Quando entrei no carro, já coloraram o capuz e eu não vi mais nada.
Crime premeditado?
A polícia ainda não informou se acredita que o crime tenha sido premeditado. Marcelinho Carioca, por sua vez, disse acreditar que seu carro de luxo tenha oportunamente chamado atenção dos bandidos. Segundo o delegado-geral Artur Dian, foram conduzidas seis pessoas à delegacia, mas cinco devem ser indiciadas pelo crime de extorsão mediante sequestro: três homens e duas mulheres. A maioria, é de Itaquaquecetuba.
Os investigadores tentam ainda identificar e encontrar mais pessoas suspeitas de envolvimento no crime. Ainda é investigada a participação de um adolescente, que pode ser apreendido.
Resgate de Marcelinho
A polícia começou a chegar até os suspeitos a partir das transferências de Pix que foram feitas da conta bancária de Marcelinho Carioca. Os cerca de R$ 40 mil foram enviados a destinatários identificados, que foram localizados e detidos. A informação sobre o endereço do cativeiro teria chegado a partir de uma denúncia anônima.
“A Polícia Militar já estava no patrulhamento, quando o Copom (Centro de Controle de Operações da Polícia Militar) recebeu uma denúncia anônima de que havia um casal que estava em cativeiro, na Rua Ferraz de Vasconcelos, em Itaquaquecetuba. A partir dessa denúncia, os policiais fizeram a procura desse casal, porém nada encontraram. Mas nessa casa havia um corredor. Então, os policiais visualizaram duas mulheres, viram uma moto que estava parcialmente desmontada, o que indicou aos policiais que poderia haver algo de ilícito ali. Os policiais continuaram no corredor e quando subiram a escada, encontraram o Marcelinho”, detalhou.