Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de novembro de 2024
Milhões de americanos vão às urnas nesta terça-feira (5) escolher quem será o 47º presidente dos Estados Unidos: a vice-presidente democrata Kamala Harris ou o ex-presidente republicano Donald Trump. Além da atmosfera polarizada, o formato do sistema eleitoral adiciona outra camada de complexidade na disputa. Diferentemente do Brasil, em que o candidato mais votado pelos eleitores vence, os EUA adotam um esquema de votação indireta, sem regras nacionais, conhecido como Colégio Eleitoral.
O Colégio Eleitoral funciona como um jogo de tabuleiro no formato do mapa dos EUA, em que cada estado vale um determinado número de delegados (ou “pontos”), somando ao todo 538. Em 48 dos 50 estados, prevalece a regra conhecida como “o vencedor leva tudo”: o candidato mais votado pela população — seja por uma diferença de milhões de votos ou por algumas centenas — ganha todos os delegados daquele estado. Para ser eleito, é preciso conquistar ao menos 270 delegados, ou seja, a maioria simples do total em disputa.
Mas este é um campo de batalha com muitas cartas marcadas. O jogador democrata já começa levando os delegados de estados como Califórnia, Nova York e Washington. Já o republicano inicia a partida com os “pontos” certos de estados como Kentucky, Louisiana e Arkansas. Por isso, a real disputa acontece em um pequeno grupo, conhecido como estados-pêndulos (ou swing states), que não têm um histórico recente de votação em determinada sigla.
Como a política está sempre em movimento, os estados-pêndulos variam de eleição em eleição. Neste ano, são sete: Pensilvânia, Wisconsin, Michigan, Arizona, Nevada, Geórgia e Carolina do Norte, que somam ao todo 93 delegados.
O número de delegados por estado é definido pelo tamanho da sua bancada no Congresso: a soma da sua representação no Senado, sempre dois senadores, e na Câmara dos Deputados, proporcional à sua população. Ao longo do tempo, a quantidade de delegados pode sofrer alterações caso haja uma mudança populacional, como ocorreu depois do censo de 2020, quando lugares como Texas e Flórida aumentaram o seu colegiado, enquanto Califórnia e Nova York perderam um delegado cada.
Além dos estados, o Distrito de Columbia, onde fica a capital, Washington, tem direito a três delegados. No entanto, territórios americanos como Guam e Porto Rico não votam nas eleições presidenciais e, por isso, não têm delegados — embora alguns realizem primárias em caráter simbólico.
Em 32 dos 50 estados, há leis que proíbem os delegados de votarem em um candidato diferente do escolhido nas urnas. Embora haja um histórico de delegados infiéis à vontade popular, a conduta não foi capaz de mudar o resultado de nenhuma eleição até aqui.
Vantagem republicana
Especialistas, no entanto, apontam que o modelo costuma beneficiar os republicanos. Segundo um estudo da Universidade do Texas de 2017, os republicanos têm 65% de chance de vencer no Colégio Eleitoral se forem derrotados por uma margem de 1 a 2 pontos percentuais no voto popular. Mesmo com uma diferença de 3 pontos, os republicanos ainda poderiam vencer no Colégio Eleitoral em 16% das vezes, apontou a mesma pesquisa.
Isso acontece porque enquanto o eleitorado do Partido Democrata se concentra em estados mais populosos, os eleitores republicanos estão espalhados por um maior número de estados com menor densidade populacional. Apesar de parte do colegiado ser proporcional à população, considerando os seus representantes na Câmara, o fato de ele sempre incluir dois delegados referentes ao Senado aumenta consideravelmente o peso de lugares menos populosos, onde o Partido Republicano sai em vantagem. Além disso, não é preciso uma votação tão expressiva para obter a maioria em estados menores.
Embora na maior parte das vezes o vencedor no sufrágio popular tenha conquistado também o maior número de delegados, nas únicas quatro vezes na História em que os resultados divergiram, o candidato republicado saiu vitorioso sobre o democrata.
Foi o que aconteceu em 2016, quando Hillary Clinton obteve 48,2% dos votos, cerca de 3 milhões a mais do que Trump, que teve 46,1%, mas o magnata venceu a eleição com 304 delegados. Em 2000, o democrata Al Gore também ganhou do republicano George W. Bush no voto popular, com 48,4% a 47,9% dos votos, mas perdeu no Colégio Eleitoral em meio a um imbróglio envolvendo a contagem na Flórida que foi parar na Suprema Corte. As informações são do jornal O Globo.