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O que esperar da viagem de Lula à União Europeia

Lula recebeu, em junho, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Palácio do Planalto. (Foto: Ricardo Stuckert)

Nesta segunda e terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará em Bruxelas, na Bélgica, da 3ª reunião de cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia. Lula foi convidado pelo primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, que está no comando rotativo da União Europeia. Lula, por sua vez, também preside o Mercosul temporariamente, bloco que negocia um acordo comercial com a UE.

O encontro, o primeiro entre os dois blocos desde 2015, vai tratar de temas de interesse internacional. Em paralelo, o presidente brasileiro também terá outros compromissos. Lula terá até sete encontros bilaterais e deve se reunir com o rei e o primeiro-ministro belgas, além da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Entre os temas que devem ser explorados na cúpula estão a questão ambiental e climática e democracia.

A embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, disse que existe uma dificuldade de negociar um texto longo com tantos países (são 60 – 33 latinos e caribenhos e 27 europeus) e que vai ser uma declaração mais curta do que inicialmente proposto. Somados os dois blocos, Celac e União Europeia reúnem 60 países. A última cúpula aconteceu em 2015, também na Bélgica.

O acordo entre Mercosul e União Europeia deve estar no centro da pauta no evento em Bruxelas. Uma contraproposta de acordo já foi aprovada pelo Brasil e enviada aos outros países do bloco sul-americano, que devem agora analisar tecnicamente os termos propostos.

Compras públicas

Publicamente, Lula deve reforçar a posição de criticar a carta adicional enviada pelos europeus enquanto não há definição sobre a contraproposta que será feita pelo Mercosul.

A principal crítica pública que o petista tem feito é em relação à possibilidade de abrir os processos de compras públicas para empresas estrangeiras. Segundo ele, esse nicho de compras estatais deve ser usado para incentivar pequenas e médias empresas.

A ideia é que, com a pandemia, ficou claro que os países precisam ter capacidade industrial de responder rápido a determinadas ameaças, sem depender de outras nações.

Além disso, Lula não quer que haja a previsão de sanções relacionadas ao meio ambiente. O governo brasileiro até aceita discutir o tema, mas em um tom cooperativo e não de ameaças e desconfianças.

Rápida e contundente

No começo do mês, na Argentina, o presidente disse que era preciso dar uma resposta “rápida e contundente” para as demandas apresentadas recentemente pela União Europeia em uma carta enviada no contexto da negociação por um acordo entre os 2 blocos.

Em seu discurso na 62ª cúpula de chefes de Estado dos países do Mercosul, Lula afirmou que o documento é “inaceitável”.

“O instrumento adicional apresentado pela União Europeia em março é inaceitável. Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfianças e ameaças de sanções. É imperativo que o Mercosul apresente resposta rápida e contundente”, disse.

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