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Por Redação O Sul | 30 de maio de 2019
A economia brasileira é uma tartaruga na corrida mundial. Quando se examinam os últimos tempos, o quadro é desolador. Em 2015 e 2016, andamos para trás. Nesses anos, o PIB (Produto Interno Bruto) – a soma de todas as riquezas produzidas no País em período determinado – encolheu 3,5% e 3,3%, respectivamente. No biênio seguinte, a esperada recuperação vigorosa ficou no plano da promessa.
Crescemos apenas 1,1% em 2017 e repetimos a dose diminuta em 2018. A esperança se deslocou para 2019, mas as previsões dos economistas para este ano estão abaixo de 1,3%. A divulgação, nesta última semana de maio, do desempenho da economia no primeiro trimestre não diminuiu o volume do debate sobre se estamos a caminho de um novo processo de retração ou vivendo um período de estagnação.
Uma das melhores formas para medir o desempenho de países é a renda per capita, que mede a geração de riqueza em relação ao número de habitantes. Entre 1980 e 2017, o crescimento da renda per capita brasileira foi de apenas 0,7% ao ano. No mesmo período, o percentual médio nos países ricos foi de 1,7%, e nos países emergentes e em desenvolvimento 3%.
Para saber o que o país precisa fazer para sair desse atoleiro e voltar a crescer de forma sustentável, foram ouvidos quatro economistas de diferentes linhas. Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), é uma das principais vozes entre os ortodoxos, corrente que se baseia em modelos econômicos.
Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada do Ibre-FGV e autor de um capítulo do recém-lançado Brazil: boom, bust, and the road to recovery (Brasil: crescimento, colapso e o caminho da retomada), se define como um liberal. Já David Kupfer, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e assessor especial da presidência do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) no governo de Dilma Rousseff, está entre os heterodoxos, críticos dos modelos econômicos. Nelson Marconi, coordenador executivo do Fórum de Economia da FGV e professor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP, foi responsável pela plataforma econômica de Ciro Gomes em 2018 e também se define como heterodoxo.
A todos foi feita a mesma pergunta: “Países em desenvolvimento precisam fazer uma lista grande de reformas para arrumar a casa. Entre as muitas que o Brasil deveria fazer, quais são, por ordem de importância, as três mais urgentes para colocar o país no caminho do crescimento sustentável?”. O curioso é que existe consenso acerca de um aspecto. Todos defendem a reforma tributária em andamento no Congresso. Dos quatro, três colocam a reforma da Previdência como a mais urgente.