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O que se sabe do misterioso surto de varíola dos macacos

Especialistas dizem que notificações feitas até o momento são apenas "a ponta do iceberg". (Foto: Divulgação/OMS)

Rara nas Américas e Europa, a chamada “varíola dos macacos” – da qual a maioria se recupera em semanas e só é fatal em casos raros – já infectou milhares de pessoas em algumas regiões da África Central e Ocidental nos últimos anos. No primeiro caso do Reino Unido, o infectado tinha voltado da Nigéria. Autoridades de saúde locais não descartam, porém, a transmissão comunitária do vírus.

A varíola dos macacos causa erupções cutâneas na pele com pústulas e bolhas que se abrem depois de um tempo e formam uma casca. Dependendo da fase da doença, a erupção parece diferente e pode ser semelhante a causada por varicela ou sífilis. A doença passa depois de três ou quatro semanas. Apenas em casos muito raros, ela é fatal – geralmente quando atinge crianças pequenas.

O período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias. Os sintomas, porém, costumam aparecer após dez ou 14 dias. Além das erupções cutâneas, a varíola dos macacos causa dores na cabeça, costas e muscular, febre, calafrios, cansaço e inchaço dos gânglios linfáticos.

Autoridades de saúde alertam para aqueles que apresentarem mudanças incomuns na pele procurem um médico imediatamente.

Proteção

Não há um tratamento específico para a doença e nenhuma vacina contra esse vírus. Médicos acreditam que a vacina contra a varíola também protege contra a varíola dos macacos. Embora ambos os vírus não tenham relação direta, eles são bem parecidos para que o sistema imunológico responda à infecção.

Graças uma grande campanha de vacinação global, a varíola foi erradicada no mundo em 1980. O Instituto Robert Koch (RKI), a agência de prevenção e controle de doenças da Alemanha, alerta que grande parte da população mundial já não possui mais proteção contra esse vírus devido ao longo tempo que passou desde a imunização.

Difícil transmissão

A varíola dos macacos não é de fácil transmissão. O vírus é transmitido por meio de contato direito com animais ou humanos infectados ou com roupas e objetos de infectados, por meio da mordida de animais que carregam o vírus ou consumo destes e por gotículas respiratórias, porém, neste caso é necessário um contato pessoal prolongando.

A maioria dos surtos pontuais termina com poucos casos. Autoridades de saúde recomendam o rastreamento das infecções. No entanto, essa tarefa se mostrou difícil e tem intrigado especialistas.

No Reino Unidos, quatro casos foram identificados, cujos infectados não tiveram contato entre si e também não estiverem em países africanos. Autoridades ainda tentam identificar alguma ligação entre as infecções e onde os pacientes contrariam a doença.

Contato íntimo

Homens que tiveram relações sexuais com parceiros do mesmo sexo são maioria entre os infectados recentemente. Especialistas britânicos, porém, afirmam que ainda não há evidências suficientes para provar que a varíola dos macacos também é transmitida sexualmente.

“Enquanto não temos análises e dados epidemiológicos claros, é ainda muito cedo para tirar conclusões sobre as formas de transmissão”, disse o virologista Michael Skinner, do Imperial College de Londres.

Zoonose clássica

A varíola de macaco foi registrada em humanos pela primeira vez em 1970 na República Democrática do Congo. Casos isolados surgiram em outros países africanos. Em 2003, uma infecção por esse vírus foi identificada nos Estados Unidos, e, em 2018, outras duas no Reino Unido e Israel. Desde então, nenhum caso havia sido registrado fora do continente africano.

A OMS considera o risco endêmico da varíola dos macacos como extremamente baixo. A doença é uma zoonose, que passa de animais para humanos.

O patógeno que causa a doença circula entre roedores. Os macacos são considerados hospedeiros de transporte – ou seja, carregam o vírus sem que esse se desenvolva em seus corpos.

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