Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2018
Os 12 meninos e seu treinador de futebol isolados pela água há nove dias em uma caverna inundada pela chuva na Tailândia receberão alimentos para quatro meses e aulas de mergulho para o resgate, anunciou a Marinha do país nesta terça-feira (3). Os meninos, com entre 11 e 16 anos, e seu treinador, de 25 anos, foram localizados na noite de segunda-feira (2) em segurança no interior da caverna de Tham Luang.
As possibilidades de um resgate nas próximas horas são escassas. O atual nível da água implica um percurso submarino que um mergulhador experiente completaria em seis horas, segundo os socorristas. Um grupo de médicos chegou ao local onde estão os meninos para avaliar sua capacidade para mergulhar, a partir desta terça-feira ou em alguns dias, dependendo do seu estado. Equipamentos de mergulho foram levados, assim como alimentos de fácil digestão e medicamentos.
“Vamos nos preparar para enviar mais alimentos para ao menos quatro meses e ensinar os 13 (membros do grupo) a mergulhar, enquanto seguimos retirando a água”, declarou o comandante Anand Surawan, da Marinha tailandesa.
Rarongsak Osottanakorn, governador da província de Chiang Rai, onde fica o parque florestal Khun Nam Nang Non que abriga o complexo de cavernas que se estende por 10 quilômetros, disse que eles precisam recuperar as forças antes da delicada operação de resgate: “Nossa missão de busca foi coroada com êxito, mas ainda precisamos retirá-los da caverna”, afirmou o governador. “Será preciso treiná-los (…). Vamos ver do que são capazes.”
Linha de comunicação
Estava prevista a instalação de uma linha direta, de vários quilômetros de comprimentos, na galeria principal da caverna para que os meninos consigam se comunicar com o mundo exterior, especialmente com os pais. “É inimaginável. Há 10 dias esperava por isto. Não acreditava que este dia chegaria”, disse o pai de um dos menores de idade.
Enquanto isto, os socorristas seguem bombeando ao máximo a água para fora da caverna visando facilitar o resgate dos meninos, que deverão percorrer quatro quilômetros (o equivalente a 80 piscinas olímpicas) até a saída. A chuva continuava a cair em Chiang Rai e se prevê que aumente a partir desta quarta-feira, levando as autoridades a redobrarem os esforços para diminuir o nível de água na caverna e tentar retirar os meninos. “Se chover demais, os níveis de água aumentarão e tornarão mais difícil retirá-los”, disse o ministro do Interior, Anupong Paochinda, a repórteres.
Ponto elevado
O grupo foi localizado a mais de quatro quilômetros da entrada da caverna. Os mergulhadores encontraram os meninos a uma centena de metros de “Pattaya Beach”, uma zona da caverna mais alta e seca. Um vídeo gravado pelos socorristas e publicado no Facebook mostra um grupo de meninos magros, vestidos com camisas de futebol sujas de lama, refugiados em uma saliência da caverna cercada pela água.
Desaparecimento
O time de futebol amador “Moo Pa” (“Javali Salvagem”) desapareceu no dia 23 de junho durante uma excursão ao complexo de cavernas de Tham Luang, após um treino. A chuva começou a cair depois que o grupo entrou, e a água fez com que ficassem presos. Eles entraram na gruta atravessando uma placa que alertava os visitantes a não ir além entre julho e novembro devido ao perigo de enchentes na estação chuvosa. O aviso também dizia que era preciso se reportar à guarda florestal antes de entrar, o que o grupo não fez.
A distância permitida para visitantes percorrerem é de 700 metros. Em um ponto ao longo da trilha, alguns meninos deixaram suas mochilas, disseram autoridades. Em outro, os sapatos. Além dos pertences na boca da caverna e marcas de mãos nas paredes, não havia vestígio deles até então.
Equipes de resgate de EUA, Japão, Reino Unido, China e Austrália atuam na operação de resgate. Um centro de operações foi instalado numa terceira câmara, a 1,7 quilômetro de distância da caverna onde as buscas se concentravam. As fortes chuvas sazonais dificultaram as buscas: mergulhadores tateavam ao longo das paredes da caverna, mas mal conseguiam enxergar em meio à água lamacenta.