Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de novembro de 2024
As eleições nos Estados Unidos, realizadas nesta terça-feira (5), podem mudar bastante os rumos políticos e econômicos do mundo. A maior potência militar e econômica global está dividida a tal ponto que é impossível prever quem será o vencedor: o republicano Donald Trump ou a democrata Kamala Harris.
Todas as pesquisas indicam que a diferença entre eles deve ser minúscula e que a decisão estará nas mãos de alguns milhares de eleitores de 7 Estados em que o predomínio dos partidos se alterna sem padrão definido, ao contrário da previsibilidade dos demais 43 Estados e Distrito de Columbia.
Trump busca uma revanche contra os democratas, após ter sido derrotado por Joe Biden em 2020 e nunca ter aceitado que o foi dentro das regras do jogo. Em pesquisa de 2023, um terço dos americanos e dois terços dos republicanos acreditavam que ele foi roubado. Trump vai às urnas repetindo, com base em nada, que só perderá desta vez, como antes, se as eleições forem fraudadas.
Kamala Harris, mal avaliada como vice-presidente, substituiu Joe Biden na chapa democrata, depois que o titular teve melancólica atuação em seu primeiro debate com Trump. Revigorou o ânimo do partido, retirou toda a grande diferença que separava Biden do rival nas pesquisas, mas, na reta final, perdeu ímpeto.
As pesquisas mostram diferença muito pequena entre os dois candidatos na votação popular nacional. Se alternam na liderança, e, de acordo com o agregador de pesquisas do jornal New York Times, Kamala tem 49% e Trump, 48%. Mas o que conta são os votos dos 538 delegados do Colégio Eleitoral, onde não há favoritismo claro de nenhum dos dois.
Há enormes diferenças entre os candidatos, e as políticas são as mais importantes. Donald Trump é autoritário e não considera que as leis e a Constituição possam ser obstáculo a sua vontade. Na mais velha democracia do mundo, tentou um inacreditável golpe de Estado, incitando a invasão do Congresso para impedir que Biden fosse nomeado presidente, no infame 6 de janeiro. Teve adiados três processos judiciais durante a campanha eleitoral e obteve uma vitória quando a Suprema Corte, para a qual indicou conservadores que passaram a formar maioria, sentenciou que um presidente não pode ser processado por atos que tenham relação com suas atividades oficiais. Trump disse que um de seus primeiros atos, se vencer a eleição, será dar anistia aos “patriotas” presos pela invasão do Capitólio.
Imigração ilegal
Ex-promotora de Justiça, Kamala, como vice de Biden, foi encarregada de cuidar da imigração ilegal, mas não foi bem. As pesquisas mostram que a imigração é vista pelos eleitores como um dos principais problemas do país e que Trump é de longe quem tem mais capacidade para cuidar do problema. Trump promete resolvê-lo deportando milhões de imigrantes.
O programa econômico de Kamala é continuidade do de Biden, com adendos, como incentivos de 25 mil dólares para compradores do primeiro imóvel e aumento para 28% da tributação corporativa. Os EUA vivem em grande forma econômica e estão prestes a vencer um surto inflacionário com juros altos e sem recessão, algo raramente visto.
No entanto, os eleitores ainda consideram que na economia estarão melhores com Trump. A queixa é que a inflação subiu 25% de 2019 até 2024 e os preços estacionaram nas alturas. Os incentivos de Kamala elevariam a dívida americana em 3,5 trilhões de dólares em dez anos. Parece muito, mas é menos da metade do aumento previsto se Trump cumprir suas promessas.
Corte de impostos
Trump quer tornar permanente o corte de impostos de US$ 1,7 trilhão que fez em 2017 e que expira em 2025, além de reduzir mais o IR das empresas. Estima-se que elevaria a dívida em 7,5 trilhões de dólares. Suas principais ideias são radicais: impor tarifas de 10% a 20% sobre importações do mundo inteiro e 60% sobre as da China.
Uma vitória de Kamala mudaria pouco o cenário geopolítico, em que os EUA remendaram pontes destruídas por Trump entre os aliados. Continuaria sustentando a Ucrânia contra a invasão da Rússia e apoiando Israel. Manteria todas as sanções à China, buscando garantir a produção de bens estratégicos nos EUA ou em países amigos. Com a elevação dos déficits, os juros subiriam gradativamente assim como o dólar, obrigando países emergentes como o Brasil a fazer o mesmo. Se Trump for eleito, isso aconteceria rapidamente. As informações são do jornal Valor Econômico.