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Por Redação O Sul | 18 de maio de 2019
Dados oficiais apontam que o Rio Grande do Sul é um dos Estados brasileiros com menores índices de mortalidade materna. A taxa oscila entre 33 e 36 por mil nascidos vivos nos últimos anos. Em 2010, esse índice chegou a 56 por mil nascidos vivos, enquanto no Brasil atingiu 60 para cada 100 mil nascimentos.
No tempo em que os indicadores eram desfavoráveis e preocupantes, executaram-se políticas públicas para interferir neste cenário. O governo do Estado então aderiu ao programa “Rede Cegonha”, desenvolvido pelo Ministério da Saúde, e implantou ambulatórios de gestantes de alto risco, ainda em processo de expansão, alterando assim o cenário negativo.
“Uma mulher não deve morrer por estar grávida, a maioria das situações que levam à morte materna é evitável”, observa a médica Nadiane Lemos, chefe da Secção de Política de Saúde das Mulheres da SES (Secretaria Estadual da Saúde). “O desfecho que se espera é mãe e bebê passando bem após o nascimento.”
Ela explica que, dentre as principais causas de morte materna, estão a hipertensão, hemorragias, infecções e complicações no parto. Também pesam nessa estatística os procedimentos inseguros de aborto.
O dia 28 de maio é considerado o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Para marcar a data, em Brasília haverá uma reunião do Comitê Nacional de Redução da Mortalidade Materna, com a participação de Nadiane. O Comitê Estadual do Rio Grande do Sul também promoverá encontros alusivos à data.
Conforme a médica, a reativação dos comitês foi importante para melhorar os índices e discutir os casos. “Porém, é preciso compreender o óbito para além do seu significado numérico e documental.” Ela explica que o tema mortalidade materna não é exclusivo da área da saúde: “Está muito relacionado com a vulnerabilidade social e econômica. Precisamos de uma ação multissetorial para conseguir ainda mais resultados positivos”.
Nadiane considera que as taxas de óbito materno estão dentro do esperado, “mas poderiam ser muito melhores se a houvesse um conjunto de ações e de atenção à gestante”. Ela defende a necessidade de políticas públicas, não apenas de saúde. Há questões importantes em que é preciso incidir, como condições de acesso, pois muitas mulheres caminham quilômetros para ter serviço de saúde.
Também são impactantes as condições de moradia, de alimentação, de segurança, de emprego e a própria violência a que muitas estão submetidas. “Temos situações absolutamente evitáveis, e se conseguirmos incidir mais no pré-natal, na classificação de risco e no acesso ao serviço de alto risco, poderemos contribuir ainda mais.”
Morte materna
Considera-se como “morte materna” o óbito de uma mulher durante a gravidez ou até 42 dias após o término da gestação. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado por essa condição ou por medidas tomadas em relação a ela. As mortes provocadas por fatores acidentais ou incidentais não entram nessa definição.
Esse tema está no foco dos chamados “comitês de morte materna”, organismos interinstitucionais, multiprofissionais e confidenciais que visam a analisar todos os óbitos maternos e apontar medidas de intervenção para a sua redução na região de abrangência. São também instrumento de acompanhamento e avaliação permanentes das políticas de atenção à saúde da mulher.
(Marcello Campos)